Page 123 - Teatros de Lisboa
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Teatro Moderno


                     A construção do  "Theatro Moderno"  teve  início em 13 de  Março de 1908, toda feita em alvenaria e
               vigamento de ferro. Mas em 13 de Janeiro de 1909, e já em fase adiantada das obras o edifício, o grande
               paredão que servia de empena sofre uma derrocada. «Os prejuizos estão avaliados, ao todo, n'uns 3 contos.»

                     A propósito do incidente o jornal “Diario Illustrado” relatava:
                     «Os caboucos teem,  na  maior profundidade,  10  metros, e na menor 6; a sala para espectaculos é
               essencialmente firmada por 10 columnas em toda a altura, columnas que estão ligadas pelo forte vigamente
               ferreo, encontrando-se a construcção adiantada, com as tres ordens de camarotes assentes, bancadas de
               geral em esqueleto, tudo com estructura, que se mostra bem cuidada e solida. (…)
                     As obras  estão orçadas  em 50 ou 60 contos,  isto é, comprehendendo todo o theatro, prompto  a
               funcionar.
                     O actor Santos Junior esperava fazer  a  inauguração, nos proximos mezes de verão, com um
               espectaculo de caridade, em 'matinée', offerecendo os bilhetes d'esse espectaculo á imprensa da capital.
               Assim agora tem que retardar, essa inauguração, porque é aquelle tempo que se calcula levará a
               reconstrucção do que se desmoronou.».















































                     Finalmente inaugurado em 15 de Dezembro de 1910, oferecia: Tribuna real, 4 frizas de 5 lugares cada,
               20 camarotes de 1ª ordem, 22 de 2ª ordem, 137 fauteuils, 177 cadeiras, 48 lugares de superior, 340 de geral,
               54 galerias de primeira e 144 de segunda e terceira.
               No livro “O Teatro em Lisboa no tempo da Primeira República” pode ler-se: «Pouco se conhecendo hoje deste
               teatro, sabemos, contudo, que a designação de "moderno" lhe causou, mesmo antes de abrir, amargos de
               boca. Utilizando, como nome de baptismo, uma palavra com uma conotação tão forte na época, logo se
               levantaram vozes questionando a presunção com que a empresa, ou melhor, o seu gerente, o actor Santos
               Júnior, o designou.»

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