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Parque Mayer


                     O espaço exterior do “Palácio Lima Mayer”  foi adquirido em 1920, por Artur Brandão, primeiro promotor
               do “Parque Mayer”, tendo sido comprado no ano seguinte por Luís Galhardo (1874-1929), jornalista, escritor e
               empresário e considerado um dos criadores da “Revista à Portuguesa” que, com outros dez sócios, constituiu
               a  “Sociedade  Avenida  Parque,  Lda.”  Aqui  se  construíram  casas  de  espectáculo  que  acabaram  por  se
               especializar no teatro de revista, sucedendo - ou associando-se - a outras atracções de carácter lúdico, como
               carrosséis e carrinhos de choque, que juntavam muito público.

                     A inauguração do  “Parque Mayer”, em 1922, tendo também como  função lúdica, veio substituir  a
               tradicional  “Feira de Agosto”,  criada  na Rotunda em 1908, uma das últimas feiras típicas da capital, com
               comércio, petiscos e diversões. Inicialmente, o  “Parque Mayer”  apresentou-se em instalações precárias de
               madeira, simples barracas, mas por outro lado situava-se numa zona mais central e frequentada.

                     De entre as diversões que passaram no “Parque Mayer”, destacam-se as barracas de tiro, os fantoches,
               os carrosséis, bailes de fim-de-semana ou do Carnaval, os “Circo Royal”, “Circo El Dorado”, e “Circo Luftman”,
               as famosas barracas do Porto, em Lisboa, que representava a Ribeira animada em miniatura, o estúdio de
               fotografia  “Fotografia  Lusitana”,  animatógrafo  no  famoso  espaço  “Alhambra”  e  “Pavilhão  Português”,  as
               barracas dos fenómenos como o da mulher transparente e a mulher sereia, barracas de jogo clandestino para
               os mais aventureiros, jogo do quino, patinagem, carrinhos de choque, isto já nos anos 40 do século XX, entre
               outras atrações lúdicas.























                     Também espectáculos de boxe, luta livre e greco-romana  marcaram presença neste recinto nessa
               década dos anos 40 do século XX, no “Estádio Mayer”, como veremos mais adiante. Este espaço conseguiu
               não só impor-se como  espaço de diversão mas também de convívio,  isto devido à profusão  de
               estabelecimentos para  todos os géneros e gostos,  desde cafés, tasquinhas,  restaurantes  -  bar  como o
               “Dominó”, retiros, casas de fados, cabarets, bares, etc.

                     Aliás, seria  no “Parque Mayer”, no “Valente das Farturas” que, em 1926 Hermínia  Silva começaria a
               cantar, enquanto Alfredo Marceneiro cantava  ao lado, no “Júlio das Farturas”.

                     Logo  em 1922 o primeiro restaurante  a instalar-se neste espaço foi o  “João Borges”, mais tarde  o
               restaurante “Colete Encarnado”, de curta existência, pois subia um degrau na sofisticação e não era acessível
               a todos. Uma vida mais longa teria  a famosa  “Mina”,  do  “Júlio  das Farturas”. Um dos  célebres retiros do
               “Parque Mayer” foi o “Retiro da Amadora”, frequentado por Jorge Amado e Ferreira de Castro entre outros
               famosos, fez época neste recinto com os celebres petiscos da cozinheira de mão cheia, que ficou conhecida
               simplesmente por “Amadora”. Este local tornou-se num espaço de boémia por excelência, sendo frequentado
               tanto  pelo povo folião como pela elite política e  intelectual  de Lisboa. Também no  “Parque Mayer”,  foram
               inventadas as marchas populares, segundo uma ideia de Leitão de Barros para animar o recinto, tendo tido
               êxito até aos dias de hoje.


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