Page 137 - Teatros de Lisboa
P. 137
Parque Mayer
O espaço exterior do “Palácio Lima Mayer” foi adquirido em 1920, por Artur Brandão, primeiro promotor
do “Parque Mayer”, tendo sido comprado no ano seguinte por Luís Galhardo (1874-1929), jornalista, escritor e
empresário e considerado um dos criadores da “Revista à Portuguesa” que, com outros dez sócios, constituiu
a “Sociedade Avenida Parque, Lda.” Aqui se construíram casas de espectáculo que acabaram por se
especializar no teatro de revista, sucedendo - ou associando-se - a outras atracções de carácter lúdico, como
carrosséis e carrinhos de choque, que juntavam muito público.
A inauguração do “Parque Mayer”, em 1922, tendo também como função lúdica, veio substituir a
tradicional “Feira de Agosto”, criada na Rotunda em 1908, uma das últimas feiras típicas da capital, com
comércio, petiscos e diversões. Inicialmente, o “Parque Mayer” apresentou-se em instalações precárias de
madeira, simples barracas, mas por outro lado situava-se numa zona mais central e frequentada.
De entre as diversões que passaram no “Parque Mayer”, destacam-se as barracas de tiro, os fantoches,
os carrosséis, bailes de fim-de-semana ou do Carnaval, os “Circo Royal”, “Circo El Dorado”, e “Circo Luftman”,
as famosas barracas do Porto, em Lisboa, que representava a Ribeira animada em miniatura, o estúdio de
fotografia “Fotografia Lusitana”, animatógrafo no famoso espaço “Alhambra” e “Pavilhão Português”, as
barracas dos fenómenos como o da mulher transparente e a mulher sereia, barracas de jogo clandestino para
os mais aventureiros, jogo do quino, patinagem, carrinhos de choque, isto já nos anos 40 do século XX, entre
outras atrações lúdicas.
Também espectáculos de boxe, luta livre e greco-romana marcaram presença neste recinto nessa
década dos anos 40 do século XX, no “Estádio Mayer”, como veremos mais adiante. Este espaço conseguiu
não só impor-se como espaço de diversão mas também de convívio, isto devido à profusão de
estabelecimentos para todos os géneros e gostos, desde cafés, tasquinhas, restaurantes - bar como o
“Dominó”, retiros, casas de fados, cabarets, bares, etc.
Aliás, seria no “Parque Mayer”, no “Valente das Farturas” que, em 1926 Hermínia Silva começaria a
cantar, enquanto Alfredo Marceneiro cantava ao lado, no “Júlio das Farturas”.
Logo em 1922 o primeiro restaurante a instalar-se neste espaço foi o “João Borges”, mais tarde o
restaurante “Colete Encarnado”, de curta existência, pois subia um degrau na sofisticação e não era acessível
a todos. Uma vida mais longa teria a famosa “Mina”, do “Júlio das Farturas”. Um dos célebres retiros do
“Parque Mayer” foi o “Retiro da Amadora”, frequentado por Jorge Amado e Ferreira de Castro entre outros
famosos, fez época neste recinto com os celebres petiscos da cozinheira de mão cheia, que ficou conhecida
simplesmente por “Amadora”. Este local tornou-se num espaço de boémia por excelência, sendo frequentado
tanto pelo povo folião como pela elite política e intelectual de Lisboa. Também no “Parque Mayer”, foram
inventadas as marchas populares, segundo uma ideia de Leitão de Barros para animar o recinto, tendo tido
êxito até aos dias de hoje.
131