Page 31 - Caçador de Empera: Monstros
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Kauan Nascimento
insanidade de um dos artauts faz com que jogue um
companheiro nas águas.
— Viram com’ele caiu? — às gargalhadas.
De dentro da cabine do capitão, ele sai.
Caminhando com uma bengala para suportar seu lado
esquerdo que já não tinha mais pé, o capitão observa a
todos. Suas ruivas sobrancelhas franzidas, uma delas
com uma cicatriz que a atravessava verticalmente,
mostravam a atenção do capitão para com seus
tripulantes. Não era possível ver abaixo de seu nariz até
o topo da barriga, pois sua barba cobria completamente.
“Mas que atenção?” perguntaria quem não o
conhecesse, pois ambos os olhos são cinzentos e cegos.
Sua percepção está além dos outros. Ele sabe tudo o que
ocorre no navio sem realmente ver.
Inspirando, o capitão guia a direção que devem
seguir. Ele também molha a ponta de seu indicador
direito — aquele que não estava com a bengala — e o
levanta, sentindo a direção do vento.
— Virem os mastros a d'reita e pass'remos os
grandes portões de Nųv, homens! — grita o capitão do
navio.
Os tripulantes responsáveis pela vela do navio
puxam uma série de cordas, movendo-os para sudoeste
e atravessando o caminho entre uma ilha e o continente
— chamado de Portões de Nųv. Um dos jovens que
eram novatos naquele navio solta a corda, rapidamente
mudando o curso para alto mar.
— Por Notus Dit! Estamos indo p'ra nossa
perdiçon! — exclama o outro marinheiro que estava
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