Page 14 - LIVRO - A VIDA TEM DESSAS COISAS
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MINHA CARTA PARA ALINE OLIVEIRA
Eu gosto da Aline Oliveira. Não gosto dela na condição de homem e
mulher. Gosto da profissional que ela é. Não poderia gostar dela de outra
maneira porque não a conheço pessoalmente, embora julgue que ela, além de
boa profissional, seja boa gente. Acredito que seja assim porque ela trata
muito gentilmente as pessoas que ela entrevista. Ela não quer aparecer mais
do que os entrevistados.
Eu passei a gostar da Aline Oliveira por uma questão. Há na televisão
hoje uma leva de repórteres que querem parecer engraçados, descolados e aí
fazem força pra ser o que não são. Ficam sem naturalidade e beiram ao
ridículo.
Um destes se derrete em saudações sempre que chama o colega
repórter para trazer seu furo. Bom dia. Tenha um bom trabalho. Espero que
você esteja bem, e aí arremata com uma frase que ele adora dizer: tá contigo...
Quando se despede é outra chuva de bons desejos intermináveis. Enche a
paciência.
Deixei de vê o telejornal local só por isso. Agora para não deixar de me
informar, fico com o controle na mão e só vejo a reportagem e não a
chamada.
Outros agora inauguraram um aceno de mão que passou a ser copiado
pelos demais. Gesto largo e desmedido para com a entrada que fazem. O
excesso de entusiasmo está acabando esses gênios televisivos.
Por tudo isso que passei a gostar da Aline Oliveira. Ela tem gestos
pequenos. Falas curtas. Não quer brilhar mais do que quem ela entrevista.
Anuncia suas manchetes e deixa o assunto falar.