Page 14 - A CAPITAL FEDERAL
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Quinota – Deixa.
Benvinda (Em tom confidencial.) – Ó nhanhã?
Quinota – Que é?
Benvinda – Nhanhã arreparou naquele home que ia descendo pra baixo quando a gente
vinha subindo pra cima?
Quinota – Não. Que homem?
Benvinda – Aquele que mora lá no hoté em que a gente mora...
Quinota – Olha mamãe! (D. Fortunata ressona.)
Benvinda – Já está dromindo. Nhanhã arreparou?
Quinota – Reparei,sim.
Benvinda – Sabe o que ele fez hoje de menhã? Me meteu esta carta na mão!
Quinota – Uma carta? E tu ficaste com ela? Ah! Benvinda! (Pausa.) É para mim?
Benvinda – Pra quem havera de sê?
Quinota – Não está sobrescritada.
Benvinda (À parte, enquanto Quinota se certifica de que Fortunata dorme.) – Bem sei que
a carta é minha... O que eu quero é que ela leia pra eu ouvi.
Quinota – Dá cá. (Toma a carta e vai abri-la, mas arrepende-se.) Que asneira ia eu
fazendo!
Duetino
Quinota
Eu gosto do seu Gouveia:
Com ele quero casar;
O meu coração anseia
Pertinho dele pulsar;
Portanto a epístola
Não posso abrir!
Sérios escrúpulos
Devo sentir!
Benvinda
Está longe seu Gouveia;
Aqui agora não vem...
Abra a carta, a carta leia...
Não digo nada a ninguém!
Quinota
Não! não! a epístola
Não posso abrir!
Sérios escrúpulos
Devo sentir!
Entretanto, é verdade
Que tenho tal ou qual curiosidade,
Mamãe – eu tremo!
Dormindo está?
Benvinda
Sim, e ela memo
Respondeu já. (Fortunata tem ressonado)
Quinota
É feio,
Mas que importa? Abro e leio! (Abre a carta.)