Page 76 - Cabalá Hermética

CABALÁ | CABALÁ HERMÉTICA | SEÇÃO 03 – A ÁRVORE DA VIDA E A QUEDA ADÂMICA
o homem se põe em marcha, se despoja de todas essas vestimentas com as quais estava vestido. E são todos estes ossos e tendões e as diferentes partes do corpo que estão formadas nos segredos da Sabedoria Divina, atrás da Imagem Celestial. A pele tipifica os céus que são infinitos em extensão, cobrindo todas as coisas como uma vestimenta... Os ossos e as veias simbolizam o carro divino, os poderes internos do Homem. Porém estas são as vestimentas exteriores, pois na parte interior está o profundo mistério do Homem Celestial”.
Esse texto sagrado mostra de maneira quase poética a relação exterior/ interior de cada ser humano. A Cabalá vai enxergar no corpo físico do homem a carruagem para que o desenvolvimento de sua alma imortal ocorra. Assim, começamos a olhar por meio da Cabalá que há um véu que precisa ser revelado, retirado a fim de que possamos compreender a verdadeira natureza do ser humano. O Zohar vai falar de uma “Imagem Celestial”. O que seria essa “imagem”? Que traços tem o ser humano em seu plano invisível, além do véu que oculta os segredos da Sabedoria Divina? O que o Zohar quer dizer com a expressão “Homem Celestial”?
3.2. O Homem Celestial: Adão Kadmon
Essa ideia de “Homem Celestial” é, em muitas tradições, referência ao ser humano em seu estado espiritual perfeito, quando ainda mantinha ligação direta com a Sabedoria Divina. Esse estado de existência do “Espírito da Humanidade” quando ainda estava em ressonância com as instâncias superiores da Realidade Divina. Muitos se referem a ele como Adão. Aqui precisamos nos desvencilhar da figura mítica cristali- zada pela história da Gênese daquele “homem” que foi criado do barro e que comeu uma fruta que lhe era proibida. Essa imagem de Adão é uma supersimplificação de uma representação simbólica extremamente complexa que é constituída por camadas de profundidade distintas que podem nos ajudar a compreender a natureza secreta do que denomi- naremos aqui de “Espírito da Humanidade”; outras tradições podem denominá-lo como “Alma Universal”, “Homem Primordial”, “Adão” ou “Adão Kadmon”. P. Mainly Hall vai apontar que esse entendimento de Adão como uma figura que deve ser explorada para explicar a natureza complexa do ser humano pelos mais renomados filósofos:
“Várias escolas de filosofia, tanto judeus e gentios, ofereceram explicações eruditas e não eruditas da identidade de Adão. Neste homem primordial dos neoplatônicos, reconheceu-se a ideia idealizada da humanidade – o
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