Page 77 - Cabalá Hermética
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CABALÁ | CABALÁ HERMÉTICA | SEÇÃO 03 – A ÁRVORE DA VIDA E A QUEDA ADÂMICA
arquétipo ou padrão do gênero Homo. Fílon, o Judeu, considerava Adão para representar a mente humana, o que poderia compreender (e, por- tanto, dar nomes a) as criaturas sob ele, mas não podia compreender (e, portanto, deixou sem nome) o mistério da sua própria natureza. Adão também foi comparado à mônada pitagórica que, em virtude de seu es- tado de perfeita unidade, poderia habitar na esfera edênica. Quando através de um processo semelhante à fissão a mônada se tornou o dual – o símbolo adequado da discórdia e da ilusão – a criatura assim for- mada foi exilada de sua casa celestial. Assim, o homem, agora duplo, foi expulso do Paraíso que pertence à criação indivisível; e querubins com uma espada flamejante foram colocados em guarda às portas do Mundo Causal. Consequentemente, somente após o restabelecimento da unidade dentro de si o homem poderá recuperar seu estado primal espiritual”.
Podemos perceber que esse Homem Universal, Adão Kadmon, era UNO em sua natureza. Ele não era dual: portador de dupla polaridade. Assim, a fim de representar da melhor maneira possível esse estado de existência em que se encontra o ser em estado de UNIDADE com a imagem simbólica do andrógino. O Androginia Primitiva irá descrever um ser possuidor de ambas polaridades que podemos constatar no plano material: o masculino e o feminino. Contudo, esse estado também des- cortina elementos mais profundos de entendimento.
O Adão Primordial, o Adão Kadmon, esse ser andrógino é aquele que é Uno: não é dividido entre o plano material e o espiritual, não é dividido entre o bem e o mal, entre o emocional e o racional, ou ainda, entre o sensível e o intelectual. Talvez, a maior divisão da qual o homem em seu estado atual precisa enfrentar é a divisão entre essência e substân- cia. Quando de sua expressão como Adão Kadmon sua essência e sua substância eram algo único e interligado tal qual uma tela de tecido com todos os seus fios entremeados.
3.3. O Éden Perdido
O Éden Perdido parece ser o local de residência original deste ser que podemos inferir como sendo possivelmente a representação do “Espíri- to da Humanidade” antes do início dos tempos. Essa imagem do Éden também sofreu um processo de supersimplificação ao longo dos tempos, em especial na Idade Média. Esse “espaço” primordial figura como local da pura harmonia, onde tudo existe sem escassez e tudo funciona na mais profunda perfeição. Miticamente, quando de sua queda, Adão é
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