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2º Conto: Uma História de amor Compromisso assUmido no plano espiritUal
O luar, o céu estava estrelado, a festa era dos céus.
Dona Santana estava deslumbrada com aquele panorama. Dizia seu
Cabral, já nos seus aposentos:―Viva a vida! viva o amor, mulher!
― Viva! Meu marido, viva a vida! viva o amor! Que alegria incontida
estamos sentindo.
Seu Cabral, em êxtase, louvou a Deus:― É graças a Deus, pois a
nossa cruz estava pesada e nunca pensei que fossemos chegar aonde che-
gamos. Aqui, com a nossa filha, estamos no céu. Claro que eu sei que céu
é um estado de espírito e como estamos vivendo momentos felizes posso
dizer isso.Sendo assim minha estimada e honrosa mulher, temos que orar
mais, agradecer e procurar lapidar nossas almas, assim como o ourives
lapida o ouro e o diamante. Precisamos ser gratos à nossa filha, a seu es-
poso e a nossos netos.
Velho, como a gente se engana com as pessoas, não é?
― Sim, mulher, o que queres dizer com este papo?
― É que pensamos que a nossa filha jamais seria feliz com Claro, pois
um rapaz sem berço, sem estudo, sem eira e nem beira, era assim que nós
pensávamos, não era meu bem?
― Era sim. Eu só não quero mais lembrar esse passado lastimoso e
cruel, não somente para ela, mas também para nós. Nossas culpas ainda hoje
são muito fortes, as impressões são vivas e sufocantes.
Senhor Cabral contemporizou:―vamos esquecer isso, mulher. Hoje te-
mos a grata satisfação de viver e não estamos mais em condições de vivenciar
emoções fortes, pois a velhice que nos toca não nos permite mais ter essas
vibrações. Precisamos ceifar e reparar nossas faltas e o primeiro passo será
conversar com Liz sobre o irmão dela, que também já está com a família se
estruturando, e também precisamos saber do paradeiro dos outros filhos.
Quem sabe antes de partirmos, daqui, da Terra, ainda teremos a oportunida-
de de unir nossa família. ―exclamou senhor Cabral,
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