Page 100 - ANAIS - Ministério Público e a defesa dos direitos fundamentais: foco na efetividade
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Art. 19-B do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90): possibilidade de adoção
por padrinhos e de apadrinhamento por pessoas habilitadas à adoção.
FERNANDA NAGL GARCEZ1,
MABIANE CZARNOBAI MESSAGE,
MARIANA SEIFERT BAZZO1,
MARILDA SCALON RODRIGUES1
1. Exposição
O Estatuto da Criança e do Adolescente [Lei Federal nº 8.069, de 13 de julho de 1990]
trouxe um novo olhar sobre a infância e adolescência e estabeleceu direitos de cunho
fundamental à população infanto juvenil.
A partir de então, todas as alterações pelas quais passou a Lei nº 8.069/90 buscaram
aprimorar cada vez mais o direito voltado não a uma classe minorista [como era conhecida no
Código Mello Matos, Código de Menores de 1927], mas a uma classe detentora de direitos e
deveres individuais e coletivos, a quem deve ser assegurada, ―com absoluta prioridade, a
efetivação dos direitos à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária‖ [art. 4º, caput, da Lei nº 8.069/90].
A Constituição Federal [artigos 226 e 227] e a Lei 8.069/90, seguindo as diretrizes da
Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, erigiu a convivência familiar e
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comunitária a direito de cunho fundamental principiológico . A família, como grupo
fundamental da sociedade e ambiente natural para o crescimento e bem-estar de todos os seus
membros, e em particular das crianças, deve receber a proteção e assistência necessárias a fim
de poder assumir plenamente suas responsabilidades dentro da comunidade [preâmbulo da
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Artigo 100, inciso X, da Lei nº 8.069/90. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se
aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. Parágrafo único: São também princípios que regem a aplicação
das medidas: inciso X – prevalência da família: na promoção de direitos e na proteção da criança e do adolescente deve ser dada prevalência
às medidas que os mantenham ou reintegrem na sua família natural ou extensa, ou se isso não for possível, que promovam a sua integração na
família adotiva.
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