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DA NECESSIDADE DE REPARAÇÃO DO DANO AMBIENTAL PARA A
                                       EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE NOS CRIMES AMBIENTAIS


                                                                                  Marcos Giovane Ártico  1

                                                                               Dinalva Souza de Oliveira 1



                  Síntese  dogmática  da  proposição:  A  Constituição  Federal  de  1988  reservou  capítulo

                  específico para o trato do meio ambiente ecologicamente equilibrado, erigindo-o ao status de
                  direito  fundamental.  Neste  contexto,  para  garantir  qualidade  de  vida  para  as  presentes  e

                  futuras  gerações,  a  reparação  do  dano  ambiental  deveria  ser  condição  para  a  extinção  da
                  punibilidade nos crimes dessa espécie, independentemente do montante de pena cominado,

                  tendo em vista a relevância do bem jurídico tutelado.


                  1.  O meio ambiente como direito fundamental na sistemática da Constituição Federal

                  de 1988


                             Os direitos fundamentais são frutos de um longo processo histórico, sendo que a
                  luta pela afirmação dos direitos é constante, pois as demandas se alteram de acordo com os

                  interesses e anseios da sociedade num dado momento histórico, o que implica de igual modo,
                  na busca por novos direitos.

                             Nesse sentido, Bobbio destaca que os direitos não nascem de uma única vez, mas

                  que o surgimento se dá de modo gradual em razão da luta em defesas de novas liberdades.
                  Para tanto, pautado na historicidade dos direitos fundamentais, é possível identificar gerações

                  de direitos:

                                         Nascem quando devem ou podem nascer. Nascem quando o aumento do poder do
                                         homem sobre o homem – que acompanha inevitavelmente o progresso técnico, isto
                                         é, o progresso da capacidade do homem de dominar a natureza e os outros homens –
                                         ou cria novas ameaças à liberdade do indivíduo, ou permite novos remédios para as
                                         suas indigências: ameaças que são enfrentadas através de demandas de limitações do
                                         poder; remédios que são providenciados através da exigência de que o mesmo poder
                                         intervenha de modo protetor. Às primeiras, correspondem os direitos de liberdades,
                                         ou um não agir do Estado; aos segundos, os direitos sociais, ou uma ação positiva do
                                         Estado. Embora as exigências de direitos possam estar dispostas cronologicamente



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