Page 110 - Cinemas de Lisboa
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Dos vários cinemas que detinha - espalhados pela província e pelas antigas colónias - o “Roma” era um
                  dos construídos de raiz pelo Grupo Ribeiro Belga, em parceria com várias outras entidades/sócios, e a
                  concretização de um sonho pessoal de Ribeiro Belga. Na construção do Cinema  “Roma”, inovou e
                  conseguiu  inaugurar um cinema moderno, elegante e de grande qualidade técnica,  ainda hoje
                  amplamente reconhecida.  Em Lisboa, além do  “Roma”, Ribeiro Belga foi também responsável pela
                  construção de outro cinema, o  “Estúdio 444”,  que fora em tempos uma garagem, e também pela
                  construção do Cinema “Aviz”,  antigo Cinema “Palácio”.

                  O cinema "Roma", com capacidade para 1.056 espectadores, seria inaugurado, como foi referido, em 15
                  de Março de 1957, com a presença do Ministro da Presidência, Governador Civil de Lisboa, o Secretário
                  Nacional de Informação e o Inspector-Geral dos Espectáculos. Para esta inauguração foi exibido o filme
                  "Contos Romanos" de G. Franciolini. Silvana Pampanini uma das participantes nesta película foi a actriz
                  convidada para esta estreia e inauguração.

























                  A propósito da abertura do cinema "Roma", o "Diario de Lisbôa" escrevia:
                  «O novo cinema, construído em  pouco  mais de dois anos, tem  lotação para  mais de um  milhar de
                  espectadores, com uma ampla plateia e uma tribuna que descem para o palco formando um segmento
                  de coroa circular. As linhas arquitectónicas do edifício são sóbrias, como é norma nas novas casas de
                  espectáculos, e a própria decoração dos corredores e pátios prima pela discrição. As cadeiras da sala,
                  forradas a verde, são comodas e o ambiente cria no publico uma sensação de bem estar.»

                  Por outro lado, o “O Século” escrevia, a propósito:
                  «À tarde, os proprietários do cinema, Sr. Joaquim Ribeiro Belga, Eng. António Praça, Fernando Santos e
                  o produtor  espanhol  Pedro  Curet  convidaram  os  representantes  da  Imprensa  e  os  críticos
                  cinematográficos para uma visita ao novo cinema. A sala de espectáculos, de um só piso mas em três
                  planos, bem lançados o que dá uma excelente visão de todos os lugares, tem acomodações para mil
                  espectadores, sendo as cadeiras muito confortáveis. O palco estende-se a toda a largura da sala e é
                  provido  de “écran”  panorâmico, com 14  metros de extensão. Rodeia  a sala um amplo corredor, onde
                  estão  instalados os “bars” e vestiários e  toda a  decoração e  mobiliário,  elegantes e sóbrios, foram
                  orientados pelo  artista plástico  Manuel  Lima  que também executou alguns painéis  de lindo  sentido
                  moderno.
                  Aos convidados foi servido um “cocktail” que teve a presença de Silvana Pampanini, que entreteve larga
                  conversação com todos os jornalistas, e dos produtores italiano Marquês Giancarlo Cappelli e francês
                  Conde de Robien, que acompanharam aquela vedeta a Lisboa.»

                  Em 21 de Fevereiro de 1958, o cinema "Roma" estrearia pela primeira vez, e última, um filme português:
                  "O  Homem  do  Dia"  realizado  por  Henrique  Campos  e  distribuído  pela  "Internacional  Filmes".  Em
                  complemento "Cidade de Poetas" de Fernando de Almeida

                  A primeira vez  que o  “Roma”  abriu ao público contava com 1056 lugares, mais 355 do que a actual
                  capacidade  máxima.  Cinema  de  grande  sucesso  entre  as  gentes  das  novas  avenidas,  o  fim  que
                  inicialmente fora previsto - «dar cinemas às classes menos abastadas» - acabou por não ser cumprido, e
                  o “Roma” tornou-se um Cinema com os seus rituais e público próprio e exigente.






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