Page 125 - Cinemas de Lisboa
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No dia seguinte à sua inauguração o jornal “Diário Popular”, relatava:
«As quatro salas, com uma média de 170 lugares cada - para cujo funcionamento trabalham 22 pessoas
- oferecem aos cinéfilos quatro filmes diferentes, a horas que se ajustam aos diversos interesses dos
espectadores, num total de dezoito exibições diárias.
Os preços dos bilhetes no novo cinema - onde não há lugares numerados - são de 27$50 para as
sessões da tarde e de 32$50 à noite.
Para assinalar a inauguração das quatro novas salas de cinema, a gerência do Quarteto enviou convites
a diversas individualidades, entre as quais a representantes dos orgãos da informação. Lamentamos que
os promotores desse acto inaugural, marcado para o meio da tarde de ontem, se tenham dele
esquecido, pois não havia ninguém para receber os convidados, nem qualquer pessoa, idónea, que
fornecesse elementos sobre o empreendimento.
Chegou-se, olhou-se e falou-se ... com gente estranha ao Quarteto.»
O aparecimento do “Quarteto” fez com que os lisboetas pudessem ter acesso ao apelidado “cinema
alternativo”, longe da programação de êxitos seguros que, a revolução de 1974 colocava na ordem do
dia noutros cinemas de Lisboa. No dia da sua inauguração, 21 de Novembro de 1975, o cinema foi
esplendorosamente celebrado com quatro filmes: “Um Filme Doce”, de Dusan Makavejev; “E Deram-lhe
uma Espingarda” de Dalton Trumbo; “Amor em Tons Eróticos”, de Zai Metterling e “S. Miguel Tinha um
Galo”, dos irmão Tavianni. Daí para a frente foi um longo caminho de sucessos, paixão e
reconhecimento pelo investimento feito nesta sala de cinema.
O “Quarteto” não se dirigia somente ao bairro onde estava inserido, mas sim para toda a cidade e
arredores, visto que as pessoas se dirigiam a este espaço por causa de um determinado filme ou autor.
O público poderia ser constituído por universitários, pelos cinéfilos formados nos cineclubes ou nos ciclos
de cinema da “Fundação Calouste Gulbenkian”, pelos espectadores fiéis da Cinemateca, que em 1981
foi alojada numa das salas deste cinema devido a um incêndio que destruiu o edifício da Rua Barata
Salgueiro e pelos simples espectadores que estavam fartos da programação sem grande qualidade que
vigorava nas outras salas de cinema. Este espaço também se servia de esquemas de angariação de
público como as extensões das Quinzenas dos Realizadores ou das Perspectivas do Cinema Francês,
saídas do Festival de Cannes, mostras de filmes soviéticos, maratonas que assinalaram o inicio de
actividades de revistas como “Isto é Espectáculo!” e “Isto é Cinema!” e até mesmo os aniversários do
próprio cinema.
Outra iniciativa foi as célebres sessões da meia-noite que o “Quarteto” promovia e que se prolongavam
pela noite fora nas suas quatro salas. Esta iniciativa denominava-se de “A Memória do Cinema” e o seu
slogan era «Cinema até ao desfalecimento». Muitas situações bizarras ocorreram nestas sessões como:
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