Page 129 - Cinemas de Lisboa
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Acerca do fecho generalizado das salas de cinema
«O fenómeno de fecho de salas foi generalizado, a partir dos anos 80 do século XX, não apenas em
Portugal mas um pouco pelo mundo ocidental fora, e embora cada cinema tenha uma história, vivência e
motivações próprias, alguns factores comuns podem ser apontados como parcialmente responsáveis
pelo processo.
O primeiro prende-se com o surgimento de um outro fenómeno que é muito mais interessante para as
grandes empresas, que entretanto tinham conseguido dominar o mercado: os cinemas multiplex. Por
outro lado, também a lei que exigia que os cinemas tivessem que ser edifícios autónomos e que uma
sala não poderia estar integrada noutra superfície comercial foi alterada, dando rapidamente origem a
cinemas em centros comerciais, que entretanto começaram a aparecer com alguma força. Estes motivos
aliados frequentemente ao conforto das salas em si e à qualidade da projecção com máquinas e
tecnologias novas, levam a uma nova fórmula de trilogia compras-jantar-cinemas sem sair do mesmo
espaço, apelo apetecível a uma sociedade urbana em galopante instinto consumista. E o cinema passa
a ser encarado por muitos como um produto de consumo para um público urbano e com pouco tempo
para “gastar” em cultura.
Referem os números do então “Instituto Português de Cinema” que estavam 394 salas de cinemas
abertas em 1981, número que dez anos mais tarde já tinha sido reduzido para 291, a nível nacional,
sendo que nestas salas estão incluídas cada vez mais salas com reduzido número de espectadores. Não
é difícil vislumbrar o real significado destes números, se nos lembrarmos que nos dez anos em questão,
de 1981 a 1991, fecharam alguns dos gigantes cinemas lisboetas como o “Monumental”, o “Tivoli”, o
“Pathé”, o “Éden”, o “Roma”, etc .... »
Texto in: “do Cinema Roma ao Fórum Lisboa - breve história de um espaço de cidadadania” - Edição:
Assembleia Municipal de Lisboa - Texto, Investigação e paginação: Isabel Fiadeiro Advirta. - Março 2007
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