Page 64 - Cinemas de Lisboa
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Salão Portugal (1928-1977)















































                  O  “Salão Portugal”  localizado na  Travessa da Memória, no Bairro  da Ajuda, e  propriedade  de  José
                  Nicolau Veríssimo, abriu as suas portas em 1928. Este cinema, foi construído não só com o propósito da
                  exibição  de  filmes,  como  também  apresentar  números  de  variedades,  tendo  o  projecto  incluído  a
                  construção de um palco.


                  A exploração desta sala de espectáculos estaria a cargo do seu proprietário até 1935, ano em que a
                  "Sociedade Geral de Cinemas, Lda." assume a exploração. Desta empresa fazia parte Victor Alves da
                  Cunha Rosa sócio desta empresa que, também, geria os cinemas “Olympia”,  “Salão Lisboa” e “Paris
                  Cinema” do qual era proprietário.

                  Em 1936, o “Salão Portugal” sofreu uma profunda remodelação, sem perder a arquitectura e aparência
                  exteriores dos anos 20. A sala ficou a oferecer:  1ª Plateia com 340 lugares; 2ª Plateia com 80 lugares;
                  Balcão que acomodava 136 espectadores e 12 Camarotes, perfazendo um total de 510 lugares.
                  Entre 1937 e 1945, a gerência desta sala de espectáculos é da responsabilidade de Jaime Cunha Rosa,
                  filho de Victor Alves da Cunha Rosa, que com 35 anos e na sequência da morte de seu pai em 1937,  o
                  substitui em todas as empresas e sociedades a que estava ligado.

                  O seu ambiente e concorrência é assim descrito por Vítor Serpa no seu livro “Salão Portugal - Novos
                  contos da velha Lisboa”:
                  «O Salão Portugal era a cara chapada do país. Pequeno, mas bonitinho. Aqui e ali com um estilo pesado
                  de mármores e veludos, próprios á memória histórica de um passado grandioso. O povo na plateia, lá
                  em baixo, cadeiras de madeira desconjuntadas, portas abertas ao intervalo para um pátio térreo, nunca
                  sol, muros altos sem horizontes à vista, um odor acre de urinas misturadas de homens e de burros. A
                  classe média no balcão,  mais  a nível, cadeira estofada, bufete para damas  e cavalheiros,  lustres  no
                  tecto, paredes iluminadas com imagens apetitosas de Garbo, da Bacall, da Loren, do Bogart, Do Curtis.





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