Page 69 - Cinemas de Lisboa
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O “Cine Royal”, exibindo na fachada o "selo" do seu proprietário - a famosa estrela que insistentemente
se reproduz nos painéis azulejares e na calçada do “Bairro Estrella d’Ouro” - como já foi referido, foi
inaugurado no Natal de 1929, como cinema de estreia, programa usualmente circunscrito às salas do
centro da capital. Tendo como director/gerente Aníbal Contreiras, oferecia ao público uma sala com
espaço para orquestra e com capacidade para 900 lugares, contando com 1ª e 2ª plateias e um balcão a
descrever um "U", e camarotes lateralmente com 6 lugares cada um, e os dispostos de frente com 5
lugares cada. No segundo andar encontrava-se o bar e salão de baile.
«Realizou-se ontem a inauguração particular do novo cinema Royal Cine, para assistir á qual foi
gentilmente convidada a imprensa da especialidade. A nova sala de projecção, construida segundo um
projecto do arquitecto Norte Junior, apresenta condições de higiene, confôrto e segurança que os
espectadores muito devem apreciar. Hoje realiza-se a inauguração para o publico com a estreia do filme
russo-alemão «O Cadaver Vivo», segundo Tolstoi, realizado por Fedor Ozep e interpretado por
Pudoukine, e a reezibição do «AZ de Velocidade», com Harold Lloyd.» in “Diario de Lisbôa”.
Em 5 de Abril de 1930 é exibido o primeiro filme sonoro em Portugal, da produtora americana “Metro
Goldwin Mayer, Film Ltd.” , “Sombras Brancas nos Mares do Sul”, de W.S. Van Dyke, estreando o “Cine
Royal”, deste modo, o seu equipamento sonoro com aparelhos da “Western Electric, & C.º”, o primeiro da
cidade de Lisboa e do país a dispôr de semelhante inovação, devidamente distinguido e reconhecido
com a presença do Presidente da República General Óscar Carmona à sessão inaugural.
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