Page 8 - Cinemas de Lisboa
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Cinematógrafos e Animatógrafos - Uma breve resenha histórica
                                das primeiras décadas do cinema em Portugal


                  O  público  português  conhecia,  já  em  1894,  a  projecção  de  fotografias,  primeiro  pelos  cicloramas,
                  dioramas e as vistas estereoscopias e, mais tarde, pela lanterna mágica, com a projecção de fotografias
                  transparentes em chapa de vidro posteriormente coloridas.  A 28 de Dezembro de 1894,  o fotógrafo
                  alemão Carlos Eisenlohr inaugurava a sua "Exposição Imperial" nas lojas do "Avenida Palace Hotel" em
                  Lisboa.  Para  além  das  projecções  já  conhecidas  dos  lisboetas,  apresentou  a  grande  novidade:  a
                  fotografia  viva  -  veiculada  não  por  um  Kinetograph  de  Edison,  como  foi  publicitado  então  -  pelo
                  Elektrotachyscop  ou  Schnellseher, um invento de Ottomar Anschutz, que A. J. Ferreira opta,
                  fundamentadamente, por chamar de “Electro-Tachiscópio Eisenlohr”. Projectava imagens de acções, de
                  um cão a andar ou o  galope de um cavalo, contidas em discos de diâmetro reduzido que  produziam
                  imagens de curtíssimos segundos.

                  Quando Edwin Rousby chega a Lisboa para apresentar o seu programa no "Real Colyseu de Lisboa" ,
                  da Rua da Palma, em Lisboa, conhece Manuel Maria da Costa Veiga, fotógrafo versado em electricidade
                  e mecânica, que o ajuda  a preparar  a sessão. Seis meses decorridos sobre  a estreia  em Paris do
                  "Cinématographe  Lumiére",  era  estreado em Lisboa o  "Animatographo ou  a  Photografia Viva  de
                  Rousby".  Este espectáculo teve  lugar no  "Real Colyseu de Lisboa",  a 18 de Junho de 1896, que
                  «encanta e maravilha, por ser a reprodução da vida» in: “Diário de Notícias” .

                  A máquina  que  apresentou a sessão cinematográfica no  "Real Colyseu", propriedade do comendador
                  António  dos  Santos  Júnior,   não  foi  o  Cinematographo  dos  Irmãos  Lumiére,  mas  antes  uma  sua
                  concorrente, também da autoria  do  inglês Robert W. Paul, o Theatrograph, que apenas projectava.  A
                  máquina projectava por  detrás da tela, onde apareciam imagens de tamanho natural, representando
                  durante cerca de um minuto. A sessão foi muito bem recebida e nos meses que se seguiram à sessão
                  da Rua da Palma, várias foram as máquinas que rodopiaram nos cinemas lisboetas, disputando entre si
                  o público cinéfilo.


                  Edwin Rousby exibia os filmes da casa produtora do inglês Robert-William Paul, da qual era enviado.
                  Eram filmes de cerca de um minuto, "Vistas Animadas" tomadas pelos operadores da produtora inglesa.
                  Outros filmes: "Bailes Parisienses", "A Ponte Nova em Paris", "O Comboio", "A Dança Serpentina", "Uma
                  Loja de Barbeiro e Engraxador em Washington".

                  Em 26 de Agosto do mesmo ano de 1896, no "Theatro-Circo do Principe Real" - futuro "Teatro Sá da
                  Bandeira"  após 1910 - na cidade do Porto, é apresentado à Imprensa o "Animatographo Portuguez Pinto
                  Moreira"; sessões públicas a partir do dia seguinte, com doze quadros, «todos de completa novidade e
                  alguns de esplêndido efeito». No mesmo Theatro, e a  12 de Novembro de 1896 tem lugar a primeira
                  sessão do  "Kinetographo Portuguez",  com a projecção de  "Saída do  Pessoal Operário da Fábrica
                  Confiança"  (Rua de Santa Catarina,  Porto), de  Aurélio da  Paz dos Reis e Francisco de Magalhães
                  Bastos Júnior. A propósito deste acontecimento o Jornal de Notícias comentava:

                  «O espectáculo de hoje apresenta o Kinetógrapho Portuguez, sendo exibidos 12 perfeitíssimos quadros,
                  7 nacionais e 5 estrangeiros. Os quadros portugueses representam o seguinte: «Jogo do Pau» (Santo
                  Tyrso), «Saída do Pessoal Operário da Fábrica Confiança», «Chegada de um  Comboio Americano a
                  Caboucos», «O Zé Pereira nas Romarias do Minho», «A Feira de S. Bento», «A Rua do Ouro» (Lisboa),
                  «Marinha». O  espectáculo é completado com a companhia de Zarzuela  que se fará  ouvir  nas peças
                  Música Clássica, Las Campanelas (primeira apresentação) e «Os Africanistas». O kinetógrapho
                  português funciona no intervalo do 2º para o 3º acto».

                  O sucesso foi imediato e o público acorria em massa, fazendo deste novo espectáculo um retumbante
                  êxito. Apesar de não terem sido logo construídas salas animatographo, foi em espaços teatrais, que as
                  sessões continuaram a ter lugar. É assim que o "Teatro D. Amélia" (actualmente "Teatro Municipal São
                  Luiz") inicia , dois meses depois do "Real Coliseu de Lisboa", as suas «sessões cinematográficas», cuja
                  qualidade era superior, pois utilizavam tipos de equipamento de projecção mais aperfeiçoado.









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