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Vidas de Rio e de Mar: Pesca, Desenvolvimentismo e Ambientalização
to das dificuldades em se obter a água distribuída pela Samarco quanto
das condições precárias do fornecimento de água potável na cidade.
Num bloco seguinte, são exibidas em tela diversas manchetes publicadas
em sites de notícias que tratam do conflito de decisões judiciais em rela-
ção a Samarco: a empresa consegue autorização para deixar de fornecer
a água mineral à população, mas logo em seguida é novamente obrigada
a prestar esse serviço.
Saindo do centro urbano, somos então levados para a zona rural de Cola-
tina, numa comunidade situada a 30 quilômetros da cidade. A persona-
gem escolhida é uma dona de casa que está com suspeita de infecção por
zika. Em sua casa, ela mostra como é o sistema de coleta e de armazena-
mento de água, a queima de lixo, a fossa.
A alternância entre os depoimentos de pessoas simples – moradores mais
afetados, representando a população de Colatina – e as entrevistas de
autoridades e especialistas caracteriza o viés jornalístico do vídeo, que
procura ouvir vários “lados”, apresentar mais de uma versão dos fatos,
especificamente se a água do Rio Doce teria condições de ser ou não usa-
da pela população, mesmo após tratamento específico. Contudo, ao final
do documentário, sobre imagens de Colatina e do Rio Doce, o médico se
manifesta sobre o tema, novamente em voz over:
Enquanto o país vacila na punição dos responsáveis e na im-
plantação de medidas de emergência, a população de Colatina
segue desamparada e desinformada. Estão reunidas todas as
condições para uma calamidade na saúde pública. Conseguire-
mos agir a tempo?
Trata-se de uma pergunta que evidencia a seriedade e a urgência com que
deveria ser tratado o problema, uma espécie de alerta.
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