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Capítulo 9

                    vivendo um caos diário pela falta de água potável, tendo que enfrentar
                    grandes filas para aquisição de água mineral, que estava sendo distribuí-
                    da para consumo pessoal.
                    O vídeo tem início com imagens em plano aberto, apresentando a cidade
                    de Colatina a partir de um barco que navega pelo Rio Doce. O pescador
                    que conduz o barco é entrevistado e fala dos prejuízos causados pela lama
                    da Samarco. Em voz over, Drauzio Varella explica o que foi a tragédia am-
                    biental do Rio Doce, enquanto vemos num mapa em tela o percurso da
                    lama pelo rio. “Ainda não é possível estimar a dimensão desta tragédia.
                    A única certeza é que o Rio Doce está morto”, afirma o narrador. Em se-
                    guida, a equipe de reportagem visita a associação de pescadores da cida-
                    de. As imagens mostram caixas de isopor e geladeiras vazias, e focam os
                    rostos dos pescadores, que relatam sobre os prejuízos financeiros: quanto
                    ganhavam com a pesca e quanto passarão a receber pela Samarco.

                    Numa segunda parte do documentário, o narrador apresenta a cidade
                    de Colatina. Na sequência, a secretária de Saúde de Colatina na ocasião
                    (Débora Gatti de Carvalho) fala sobre o problema da água no município
                    e o que tem sido feito pela prefeitura para combater casos como os de
                    dengue e de zika vírus. As imagens mostram o atendimento nos postos de
                    saúde, a espera dos pacientes, o trabalho dos agentes de saúde etc. Drau-
                    zio Varella retoma a narração, falando das dificuldades do fornecimento
                    de água potável na cidade.

                    Posteriormente, duas falas distintas evidenciam o fato de que não existe
                    consenso com relação à qualidade da água que estava sendo fornecida à
                    população. Um engenheiro representante da SANEAR (Serviço Colati-
                    nense de Saneamento Ambiental) afirma que o novo tratamento adotado
                    pela empresa oferece água em boas condições para consumo. Por outro
                    lado, um promotor de justiça afirma que não há garantias de que a água
                    estaria apta para uso da população e defende medidas de precaução e a
                    troca de fontes de abastecimento.

                    “A Justiça Federal obrigou a Samarco a distribuir água mineral para a po-
                    pulação de Colatina. Todos os dias as filas e os postos de distribuição co-
                    meçam muitas horas antes da chegada dos caminhões”, relata o narrador,
                    enquanto são exibidas imagens das longas e tumultuadas filas de mora-
                    dores que se formam nas ruas e calçadas. Alguns depoimentos falam tan-




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