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Capítulo 2

                    havia uma expectativa muito grande, principalmente por parte dos ges-
                    tores públicos da época, de tornar o município um grande produtor de
                    petróleo no estado do Espírito Santo, haja vista que, no ano de 1962, foi
                    realizado um estudo pelos técnicos da Petrobras a mando do então pre-
                    feito da época, Primo Bitti, com o objetivo de identificar a presença de
                    petróleo nessa área (O CRUZEIRO, 1970 apud MANSUR, 2017).

                    Havendo petróleo, dizia a reportagem da época, “o Espírito Santo estará
                    numa posição de destaque como possuidor de invejável riqueza” (MAN-
                    SUR, 2017). Isso mostra como o estado já começava a caminhar rumo ao
                    desenvolvimento baseado na exploração desse combustível fóssil. Alguns
                    anos mais tarde, viriam o cultivo de eucalipto e a fabricação de celulose
                    por meio da implantação do empreendimento Aracruz Celulose.
                    Focava-se a promessa de um futuro promissor baseado na implantação
                    de um grande empreendimento que utilizasse técnicas modernas de ex-
                    ploração do solo para o cultivo de eucalipto, sem saber então que, nos
                    dias atuais, sofreriam com as grandes perdas naturais, humanas, culturais
                    por parte das comunidades, as quais, por sinal, já habitavam o local antes
                    mesmo da ideia desse empreendimento existir.

                    O plantio de eucalipto em larga escala pode trazer uma série de implica-
                    ções à qualidade do solo, à disponibilidade de água e também pode trazer
                    mudanças na rotina das comunidades locais (SANTOS & SILVA, 2004).
                    E isso é o que tem acontecido na comunidade de Barra do Riacho nos
                    dias de hoje. Os danos que esse tipo de plantio pode causar aos diferentes
                    segmentos ambiental e social já foram problematizados há tempos por
                    estudiosos, porém mesmo assim a expansão do plantio se mantém.

                    Para produzir celulose, é necessário que se tenha um contingente elevado
                    de água e, atualmente, a Fibria faz um uso expressivo desse bem para ga-
                    rantir a produção de suas atividades industriais. Não obstante, a utilização
                    desse recurso tanto na produção de celulose quanto no plantio de euca-
                    lipto traz algumas alterações na sua qualidade, como é colocado adiante:

                           O problema da água ao longo dos plantios homogêneos de eu-
                           calipto não é apenas quantitativo. É também qualitativo, pois o
                           uso intenso de fertilizantes químicos e agrotóxicos pela Aracruz
                           tem sido apontado pela vizinhança tradicional, indígena e





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