Page 80 - PEQUENAS VERDADES DISTRAÍDAS
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BLUES BANAL [para os que esperam]

          Na fila dos que esperam
          Porvindouras bênçãos,
          Na fila dos que esperam,
          Estendo a mão e ofereço meus calos
          Como prova da minha miséria.
          Tende piedade desse mortal
          Que ama no impossível,
          Dentro da noite banal,
          Na íris mendigo invisível,
          Uma alegria canina rural;
          E que aprendeu a rir renitente,
          Divago sorriso, faca entredentes.

          (x2)
          Senhor, perdoe meus desejos vãos,
          Perdoai esse que estende a mão,
          Pois no delírio do meu canto rouco
          O que não me falta é pão.
          Misericórdia da minha miséria.

          Na fila dos que esperam,
          Confundido entre os restos, os rastros
          Que compõem o pão embolorado do dia,
          Na fila dos que esperam,
          Na vertigem das horas, cubro a alma com emplastros;
          Preencho o vazio com goles de cachaça,
          Porque tudo me é lícito, mas nada vem de graça.
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