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PÉ DE LARANJA LIMA

                         Se aquele menino
                         Do pé de laranja lima
                         Soubesse que coleciono temores,
                         Que vivo desassossegado,
                         Que minto, desenho falsos sois em um lívido céu;
                         Que meço palavras, tropeço em vírgulas
                         E que trago no peito a lembrança sem cor
                         Dos joelhos feridos;
                         Mover-se-ia em minha direção
                         Com a ternura de quem pouco viveu, mas muito
                         sabe

                         Se aquele menino
                         Enigmático do pé de laranja lima
                         Tivesse olhos que pudessem ver
                         Além dessa casca tênue que me envolve,
                         Estenderia seus braços sobre meus galhos
                         Feito vento vadio.
                         E no misticismo mais profundo,
                         De suas diminutas crenças,
                         Entregue a ilusão pueril
                         Do amor às pequenas coisas,
                         Sob as fronteiras do tempo,
                         Olharia para mim admirado,
                         Homem feito brinquedo quebrado.


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