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O PRINCÍPIO DA NEGAÇÃO
Eu não
Escrevo,
Peço socorro,
Imploro por piedade
A este cego que sou,
Que soa, que vê,
Mas não acredita.
Eu não
Escrevo,
Eu invejo os loucos,
E não sou digno
De que entreis em minha morada,
Porque nela não há cachorro feliz,
Nem portão.
E o que me abriga
É esse teto concreto armado
Que se estende sobre um rio banal
Onde sou margem, marginal.
Eu não
Escrevo,
Eu ando perdido na vida
A procurar em braços alheios
Um endereço, um adereço;
Índio desaldeado que sou
Grito pelas ruas,
Um outro que xinga,
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