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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
colabar parcialmente ou mesmo comprometer-se caso a quantidade de sangue ou de ar
for suficientemente grande. O espaço pleural pode acomodar potencialmente até três li-
tros de sangue em um adulto. Os pulmões podem então perder parcialmente ou totalmen-
te sua função. A drenagem do tórax com drenos introduzidos através da parede torácica
tem o objetivo de esvaziar o ar ou sangue que se acumularam no espaço pleural permitin-
do assim a reexpansão pulmonar.
3.3. Fisiologia
A respiração é o processo biológico através do qual ocorre a troca de oxigênio e
gás carbônico entre a atmosfera e as células do organismo. Possui dois componentes: a
ventilação e a perfusão. A ventilação é o processo mecânico através do qual o ar rico em
oxigênio entra pelas vias aéreas até os pulmões e o ar rico em dióxido de carbono segue
o caminho inverso. A perfusão consiste na passagem do sangue pelos capilares alveola-
res pulmonares para captar o oxigênio do ar alveolar e liberar o dióxido de carbono para
ser excretado.
3.3.1. Ventilação Pulmonar
É dividida em duas fases: a inspiração e a expiração. Durante a inspiração o dia-
fragma e os músculos intercostais se contraem fazendo com que o diafragma se rebaixe e
se retifique e a caixa torácica aumente de volume. Com o aumento de volume da caixa to-
rácica ocorre uma queda da pressão intratorácica para abaixo do nível da pressão atmos-
férica fazendo com que ocorra fluxo de ar para dentro das vias aéreas e pulmões até que
se equilibre este gradiente de pressão. Durante a expiração o diafragma e os músculos in-
tercostais relaxam fazendo com que o diafragma se eleve e as costelas retomem a sua
posição original, com isso o volume da caixa torácica diminui, e o ar é forçado para fora
do pulmão e das vias aéreas. A inspiração é um ato ativo que requer contração muscular
enquanto a expiração é um ato passivo. Este mecanismo de ventilação é automático e re-
alizado a uma freqüência de 12 a 20 movimentos por minuto por um adulto em repouso, a
esta freqüência chama-se freqüência respiratória. Chama-se de taquipnéia a freqüência
respiratória acima dos limites normais; e de bradipnéia abaixo dos limites normais; a au-
sência de movimentos respiratórios é chamada de apnéia. A freqüência respiratória é nor-
malmente maior nas crianças. A freqüência respiratória pode se elevar pelo exercício, por
alterações emocionais, pela febre, devido à dor e por outras condições, mas nos pacien-
tes traumatizados o aumento da freqüência respiratória é sempre um sinal de alerta que
pode estar indicando alguma lesão do aparelho respiratório, no sistema nervoso central
ou há um indicativo de choque. É importante saber que um aumento na freqüência respi-
ratória não significa necessariamente um aumento na ventilação pulmonar. Vejamos o se-
guinte exemplo: durante cada inspiração um adulto inala aproximadamente 500 ml de ar
para dentro dos pulmões; se sua freqüência respiratória for de 14 movimentos por minuto
ele inspirará um total de 7000 ml de ar por minuto. Se uma vítima apresenta várias fratu-
ras de costela ela pode passar a respirar mais rápida e superficialmente devido à dor. Se
ela inspirar 100 ml a cada movimento inspiratório a uma freqüência de 40 movimentos por
minuto ela terá inspirado em um minuto apenas 4000 ml de ar, quase a metade do volume
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