Page 3 - 7ª Edição - Jornal Notícias da Gandaia
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|Ricardo Salomão
O TERCEIRO PILAR
Raghuram Rajan foi um dos economis tas que previu a crise de 2007 – e que nin guém ouviu. Lança agora um novo livro – O Terceiro Pilar – onde, além de assumir que existirá outra crise, apesar de não ser certo quando, afirma que além dos “mer cados” e do estado, existe um outro pilar essencial e que está grandemente esque cido: a comunidade.
Na verdade, desde a crise de 2007, os mercados e os estados têmse fortale cido. A tendência dos estados perderem poder para as instâncias internacionais também se acentuou. A questão é que as comunidades também têm perdido po der para as instâncias nacionais e, em Portugal, a regionalização ainda não co nheceu a luz do dia, mas quando isso acontecer, o poder local irá também perder para o regional.
Nesta dinâmica, quem defende a comunidade de base? Quem investe nas redes de vizinhança? Quem protege as nossas ruas da gentrificação? Quem re força as manifestações culturais tradicio nais? Estarão condenadas ao esqueci mento e a solitárias vitrinas de museus?
Mais importante ainda, quem investe na educação? Quem se preocupa com o futuro dos jovens de uma comunidade? Esse é o nosso futuro.
O empenho das autarquias na educa ção tem de ser repensado. Não chega ser complemento. Impõese um papel muito mais ativo e personalizado. E há espaço para o fazer mesmo dentro do quadro le gal atual.
Como sempre, o essencial é falar com as pessoas, concertar um rumo com os agentes educativos.
É pública a nossa posição. Temos subli nhado vezes sem conta a importância presente e futura da comunidade e a im portância de a consolidar, mas a questão é realmente essencial. Já se tinha colo cado desde os primeiros tempos da glo balização. Todos se esqueceram, mas desde o início que foram assinalados dois polos (e não apenas um): globallocal, oferecendo desde logo uma máxima: pensar global, agir local.
Tudo isto tem grande importância para nós e não é apenas no “global” que
significa todo o planeta, é o global que significa a Região Metropolitana de Lis boa, a verdadeira Grande Lisboa.
Porém, que não se esqueça a escala mundial. Com os mega investimentos que estão a iniciarse, Cidade da Água e todo o projeto do Arco Ribeirinho, a “Lisbon South Bay” em que o inglesismo denuncia a intenção globalizante.
Tudo bem, é positiva a intenção, que o mundo não deve ser feito de muros. Mas o local não pode ser esquecido, seja a bem da saúde da nossa comunidade, seja mesmo pela autenticidade do que temos a oferecer, e no nosso caso, é mesmo muito. Não é só as condições geográficas, a minutos da capital europeia, do aero porto internacional... isso é de panfleto promocional, apesar de ser a pura das verdades. Temos ainda o ambiente ex traordinário – que queremos preservar – as praias e, atenção a isso, a nossa cul tura, que vai desde a cidade do teatro à gastronomia, mas passa pela paz e bo nomia características da margem sul.
Queremos manter tudo isso? Então há que prestar atenção à nossa comunidade, ouvila, alimentála, fortalecêla.
Desde logo com duas direções: darlhe valor, importância, relevo. Isto é algo de dinâmico e é uma continuidade: a energia que oferecemos, iremos depois receber e voltar a dar. Fortalece todos os elos da cadeia.
A outra direção é a do enriquecimento. É preciso não nos fecharmos sobre nós próprios. Isso seria fatal. Porém, também não podemos ter uma estratégia de es batimento tão forte que daqui a pouco não se distinga Almada de Lisboa, Oeiras, Cascais...
Este número, o sétimo, é dedicado aos Santos Populares, às Marchas Populares, aos Arraiais Populares. Não, não são ori ginais, nem são os únicos.
Mas são nossos. |
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Notícias da Gandaia MAIO 2019 | EDITORIAL 3
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