Page 9 - 7ª Edição - Jornal Notícias da Gandaia
P. 9
EM ALMADA
MARCHA POPULAR DA COSTA DA CAPARICA
ALMA DA MARCHA
Os padrinhos duma marcha devem criar empatia com as pes soas. Não é por isso raro ver caras conhecidas e acarinhadas do pú blico a apadrinhálas, mas aqui tal como no Centro Comunitário PIA II, a escolha dos padrinhos tam bém tem recaído sobre pessoas li gadas ao bairro, os chamados “filhos da terra”. A tradição fami liar também se manifesta com membros familiares na mesma marcha ou casais que se formam neste contexto, uns apenas ro mances de verão, outros mais du radouros.
O/s ensaiador/es, peça funda mental na marcha, podem apre sentar um projecto de raiz e os marchantes concordarem ou não, ou o tema ser escolhido e debatido pela comissão, com a maioria a di tar a sua aprovação. Este ano foi de Rúben Coutinho que partiu a ideia do tema da marcha: “A cari catura de um amor com tradição”.
As Marchas Populares de Alma da têm ensaiadores em comum com as Marchas de Lisboa, como é o caso de José Carlos Mascare nhas, que, além da Marcha da Tra faria, ainda ensaia a Marcha da Penha de França. Ambos os desfi les são em Junho, mas como na ca pital acontece na noite de 12, é possível conciliar os ensaios.
O ensaiador admite que “Lisboa é a primeira liga deste campeo nato, por tudo o que envolve a nível de espectáculo, exposição mediática e transmissão televi siva”. Comparado com o apoio de Almada, estas marchas “têm um orçamento exorbitante de 30 mil euros, é natural que haja diferen ças ao nível da exibição dadas as condições”. Acredita que “as mar chas de Almada têm de se valori zar, têm de procurar parceiros e apostar na divulgação, hoje em dia há outros canais que podem trans mitir o evento sem ser os genera listas. Há ainda um trabalho árduo a fazer para o crescimento das Marchas Populares de Almada, que têm muita qualidade”.
Como em tudo, há sempre que confira um cariz mais popularesco e inferior a nível cultural a estas fes tas, e até considere o tal financia mento por parte da CMA exagerado para uma marcha que só se apresenta dois dias ao pú blico. Quem está por dentro da tra dição, como Rúben Coutinho, lembra que “são meses de muito azáfama, pagamse roupas, ensaia dores, existem muitos gastos e há todo um trabalho que os marchan tes fazem apenas por amor”, com o único objectivo de proporcionar alegria às pessoas e comemorar com elas os Santos Populares.
Sendo assim, encontramonos por aí num dos desfiles bem anima dos como dita a tradição porque “emcasaéqueeunãoficoómeu rico São João ”. |
restaurantes PUB. CACILHAS
O Mirrita
Sugestões: Aquele delicioso Choco Frito! Cozinha Tradicional Portuguesa
969 635 759 - 21 080 9075 R. Cândido dos Reis, 111 Cacilhas, 2800-270 Almada Aberto todos os dias
Solar Beirão
Restaurante / Marisqueira
Sugestões: Mariscadas, Caldeirada, Emparrilhadas, Ensopado de Enguias, Comida Tradicional
21 276 6019
R. Cândido dos Reis, 17 Cacilhas 2800-677 Almada www.solarbeirao.pai.pt
Encerra à Segunda
COSTA DA CAPARICA
Só Grelhados
Sugestões: Sardinha Assada, Caldeirada à Pescador, Massada de Peixe
967 326 844 - 212 906 233 Av. D. Sebastião, 111-A 2825-408 Costa de Caparica restsogrelhados@gmail.com Aberto todos os dias
ticipa como a quem vai ver. Todas as marchas fazem possíveis e até impossíveis de maneira a dar um bom espectáculo, e é isso que en tusiasma as pessoas, com anima ção garantida o povo gosta sempre”.
Para gostar mais ainda, os mar chantes não descansam enquanto não fizerem o seu melhor. E tal como Rúben Coutinho confessa
“se somos demasiados poupados
no material, depois temos pontua
a ção inferior, por isso, para o traba o lho que temos, os 12 mil euros á nunca chegam. Se não fosse o e apoio da junta local e dos habitan o tes, e muitas vezes nós mesmo
empatarmos dinheiro, era impos
sível fazer uma marcha só com o
apoio da CMA”. Esta verba é atri buída em Maio, e apenas um mês não é suficiente para criar um guardaroupa e adereços, por isso a Marcha da Costa da Caparica conta com alguns apoios exterio res que lhes permitiram começar todo este trabalho em Março.
A Marcha Infantil Os Costinhas, da Costa da Caparica, também in tegra o desfile extraconcurso, e alimenta este espírito numa gera ção futura de marchantes. Tal como Rúben Coutinho refere “em bora não tenha o rigor das outras, é dos desfiles mais importantes porque é dali que vai haver a con tinuidade para as marchas e eles estão muito focados e cheios de entusiasmo”. |
DITOS E MITOS
ao longo de tantos séculos. O que constitui o seu mérito e que os torna heróis. Figuras do sagrado para abençoar ou, tão só, folgazões para defender quem o for.
João Baptista, filho de Isabel, mulher estéril, e de Zacarias, avançado na idade. Viveu na Ga lileia, pregou e batizou nas margens do rio Jor dão. Por linhagem familiar era primo de Jesus (merecimento, risco..?), tendoo antecedido e batizado. Foilhe atribuído o epíteto de “o me lhor, nascido de mulher”. Veio para aplanar os caminhos de Jesus, seu primo, e parece têlo feito bem.
S. Pedro, Shimon Kepha (pedra), nome que lhe foi atribuído como “edificador da igreja”. Apóstolo dileto de Jesus e considerado o prín cipe, entre os demais. Mandatado para ser pescador de homens foi o primeiro papa. Mi lagreiro, pregador, anunciado como o mais si sudo, faz parte desta tríade de santos festivaleiros. É que isto do poder às vezes não é fácil. Mas, como diz a canção “traz chaves para abrir tudo”. Ao menos isso.
S. António de Pádua ou de Lisboa, culpa não do demérito de Lisboa, mas, talvez, a antece der o sentido da globalização, com Itália (Roma) à cabeça, do Império dos Santos. As
ceta, frade, eternizado por Padre António Vieira, no celebre sermão aos peixes, pleno de crítica e de atualidade, quanto às questões so ciais invocadas. Doutor da Igreja, considerado “arca do testamento” que, apesar disso, “comia com publicanos e pecadores”, o que talvez por razões de asseptização, nem sem pre aconteça. É referida a sua vocação casa menteira e de se divertir, quebrando as bilhas às moçoilas. Mas... que mais pode fazer um frade?
Restaria descrever o final, (trágico) de S. João Baptista, o padroeiro aqui do burgo. Único, dos três, festejado no dia do seu nasci mento e não da sua morte. Para isso haveria que narrar o que ele escreve sobre a traição e infidelidade de Herodita, mulher de Filipe, irmão de Herodes, por si denunciada. Estórias de intriga, amores e paixão, demonstrando o poder no feminino de Salomé sobre Herodes, a ultrapassar a legitimidade dos Santos na de fesa dos bons costumes. Questões de género, já, ou outros poderes ocultos (?).
Viva a gente. Vivamos nós todos.
Viva a folia, a capacidade de brincar e de ser feliz, das pessoas que continuam a fazer com que aconteça a FESTA. |
alvez e seu qui aí, nsar e cruza diga, sepe stões leves . Pen corre.
Neste caso, as festas Juninas, dos santos po pulares, S. João, S. António e S. Pedro.
O enquadramento situa o referencial, es paço físico, da Caparica: terra, natureza, sols tício de verão, mar, sol, pessoas, bola de fogo em fim de tarde, que faz cair, serenamente, a bruma tranquila da noite e do sossego. O sol que desaparece e se esconde atrás das nuvens, na direção do Bugio, permite a contemplação ou as orgias das noites quentes. Para “apican tar”, ou apenas temperar, mistura a perversão que marca a proximidade entre o sagrado e o profano, inscritos nas tradições seculares mais ancestrais: os milagres e a devoção, a festa dos sentidos, a faina a pesca, as sardinhas, dança, marchas, manjericos, quadras, alcachofras, ba lões, coisas pequenas....Tanto do gosto de quem é povo, nas suas mais genuínas manifes tações.
Parece, assim, imperativo de justiça ir ao en contro das personagens centrais destes feste jos, Pedro, António e João. Saber, ainda que pouco, de como e porque chegaram até aqui,
Notícias da Gandaia MAIO 2019 | REPORTAGEM 9
Gastronomia

