Page 434 - Trabalhe 4 horas por semana
P. 434
A melhor resposta que me veio à cabeça era: comer um
sanduíche.
Trinta minutos antes, eu tinha acordado sem despertador
pela primeira vez em quatro anos, depois de ter embarcado
no JFK na noite anterior. Esperava isso há muito tempo:
acordar com o canto dos pássaros lá fora, sentar-me na
cama com um sorriso, sentindo o aroma de café recém-
passado, e me espreguiçar como um gato no aconchego de
uma villa espanhola. Magnífico. Acabou sendo mais ou
menos assim: acordar assustado, como se tivesse sido
despertado por uma sirene, agarrar o despertador, xingar,
pular da cama de cuecas para checar e-mails, lembrar que
isso é proibido, xingar de novo, procurar o meu anfitrião e
ex-colega de classe, perceber que ele foi trabalhar como o
resto do mundo, e ter um ataque de pânico.
O resto do dia passei atordoado, vagando do museu para o
jardim botânico para o museu, como se estivesse repetindo,
evitando cibercafés com alguma sensação vaga de culpa. Eu
precisava de uma lista de coisas para fazer, para me sentir
produtivo, escrevendo nessa lista coisas como “jantar”.
Isso seria mais difícil do que eu supunha.
Depressão pós-parto: uma coisa normal
“O homem é de tal jeito que só consegue relaxar
de um tipo de trabalho começando outro.”
ANATOLE FRANCE, autor de O crime de Sylvestre Bonnard