Page 36 - REVISTA IMPACTO ED 83

CAPA
Guerra de poderes em
Brasília coloca o País
de rodas para cima
A tensão entre os Poderes - Executivo, Legislativo e Judiciário - experimentou nova
escalada nos últimos meses com trocas de farpas entre as maiores autoridades do país.
pós denúncias con-
tra Temer tornou-se
escancarada a guerra
Aentre os Três Poderes,
com o avanço da Lava-Jato elevando a
tensão e provocando jogo de acusações
entre Congresso, Planalto e Supremo.
Ao investigar o presidente Michel Temer
buscando a própria sobrevivência políti-
ca, os aliados do presidente não se cons-
trangem em descumprir decisão judicial
e fustigar o procurador-geral, Rodrigo
Janot, e o relator da Lava-Jato no STF,
Edson Fachin. Mudando o cenário ante-
riormente discreto, tornando a discórdia
explícita, principalmente após a denún-
cia de que o Planalto teria acionado o
serviço secreto para investigar Fachin e
o Senado relutar em cumprir a decisão
do STF de afastar o senador Aécio Neves
(PSDB-MG) do mandato.
Houve um recuo estratégico de
ambos os lados, porém as manobras de
bastidores persistiram. Rodrigo Janot,
que pediu abertura de ação penal contra
Temer, na qual o-classificou como chefe
de uma organização criminosa, o Planal-
to tramou com o presidente da Câmara,
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SETEMBRO 2017 | REVISTA IMPACTO O DE 2017 | REVISTA IMPACTO
JUNHO/AGOST
Rodrigo Maia (DEM-RJ), e encontraram
uma forma de arquivar o mais rápido pos-
sível a primeira denúncia e agora terão que
acionar outra vez a tropa de choque para
desarticular a queda do presidente.
A proximidade entre juiz e acusa-
dor causa incômodo no STF. Reservada-
mente, alguns ministros reclamam da pos-
tura de Fachin e Rodrigo Janot, da suposta
proteção que eles recebem da presidente
da Corte, Cármen Lúcia. Os comentários
são de que foi ela quem arquitetou a ida
de Fachin para a segunda turma do STF,
que julga a Lava-Jato, em substituição a
Teori Zavascki, morto em janeiro. Sendo
criticado por tomar decisões com graves
consequências políticas sem avisar com
antecedência, como fazia Teori. O minis-
tro Gilmar Mendes, amigo e conselheiro
de Temer, autor do voto que manteve o
mandato do presidente em julgamento no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) realiza
constantemente críticas ao ministro Ed-
son Fachin e ao procurador-geral da repú-
blica, Rodrigo Janot.