Page 21 - A LÍNGUA PORTUGUESA NA CIBERCULTURA C.
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AS MUDANÇAS E A CIBERCULTURA





                    Para compreender a cibercultura e a universalidade, é necessário entender as

             transformações  que  as mídias  sofreram.  Primeiramente, tem-se  a  passagem  das

             culturas  orais  para  as  culturas  da  escrita.  Nas  sociedades  de  cultura  oral,  a

             recepção  de  uma mensagem  ocorre  sempre  no  mesmo  instante  e  lugar  em  que
             esta é emitida. A escrita permitiu que uma mensagem fosse receptada há milhares

             de quilômetros de onde foi emitida e/ou há séculos da época em que foi escrita.

             Ocorre que, neste caso, a mensagem é recebida, ou lida, fora do seu contexto e,

             por isso, foram criadas, por exemplo, as interpretações, as traduções, etc.

                    A escrita não é, portanto, local, mas sim universal. E a escrita não determina

             a  universalidade,  ela  é  uma  condição  da  universalidade,  ou  seja,  não  há
             universalidade  sem  a  escrita.  Além  disso,  a  escrita  é  totalizante,  pois  seu

             significado deve ser o mesmo em toda parte, em qualquer tempo. Em continuidade

             à cultura universal e totalizante da escrita, estão as mídias em massa – imprensa,

             rádio, televisão, etc. Suas diferenças estão na passividade do receptor, que apenas

             interpreta a mensagem e não interage.

                    A cibercultura, por sua vez, é universal, mas sem totalidade. É sem totalidade

             no sentido de uma mensagem compartilhada no ciberespaço não está mais fora do
             contexto, uma vez que as informações são emitidas e recebidas instantaneamente,

             de  maneira  que  o  contexto  também  é  compartilhado.  Por  fim,  quanto  mais

             universal,  menos  totalizável,  pois  quanto  mais  as  pessoas  se  conectam,  quanto

             mais compartilham informações no ciberespaço, maiores são as heterogeneidades,

             o número de diversidades, de novas fontes, etc.
                    Dizer que o ciberespaço é fruto de um movimento social é uma afirmação que

             pode gerar estranheza por ser considerado algo técnico. Um exemplo para explicar

             como isso é possível é o automóvel, que emergiu não apenas por meio da técnica,

             mas envolveu o esforço de milhões de pessoas no sentido de viabilizar o seu uso e


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