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FRAGMENTA HISTORICA                       O intermediário entre o arquiteto e a sua obra. A
                                                    atuação de D. Francisco de Lemos no seu primeiro
                                                                         reitorado (1770‐1779).
           que  consistia  na  comemoração  da  nova   contratar, já que poderia atestar pessoalmente
           fundação da Universidade . No ano seguinte   as qualidades dos recrutados.
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           continua a agir com alguma liberdade. Escolhe   Mas não só: dois aspetos essenciais passaram
           o local, a Sala Grande do Paço das Escolas,   também  pelo  seu  escrutínio,  a  escolha  das
           para a recitação da oração latina em honra do   várias obras adotadas para o ensino e a
           aniversário do Rei D. José I .             disciplina aplicada a todo o corpo académico.
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           Relativamente ao que se deveria fazer no caso   Outra conclusão importante é a de que todo
           de uma visita ilustre, encontramos um único   o período de 1772 a 1776 só foi possível e
           caso em 1776, respeitante à visita do príncipe   frutífero através da constante interação entre
           russo Yossopof. O Reitor questiona o ministro   dois polos decisórios, Lisboa e Coimbra. E
           quanto à forma de receber o ilustre e a resposta   assim  aconteceu, independentemente  de
           foi clara. Este refere que não seria de preparar   quem  tomava  a  iniciativa  (o  Reitor  ou  o
           qualquer cerimónia, mas arranjar uma visita   Ministro de D. José). Até nos momentos de
           guiada a toda a Universidade e que deveria   alguma  divergência,  os  problemas  só  ficaram
           ser acompanhado pelos representantes que   resolvidos por uma atuação conjunta.
           melhor se conseguissem expressar em francês.
           O tom geral era dado pela recomendação de
           que o Reitor teria de o “tratar com toda a
           atenção” .
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           Conclusão
           O que ficou evidente é que o Reitor teve uma
           muito considerável liberdade de ação e esta foi
           transversal à maioria dos assuntos expostos
           neste trabalho. No seu primeiro reitorado
           esta  liberdade  não  só  traduziu  a  confiança
           depositada pelo Marquês mas, também, a
           posição privilegiada do Reitor em relação à
           Universidade. Tratou-se então de uma ação de
           proximidade e presença constante, o que lhe
           trouxe a vantagem de intervir prontamente
           sem mais demoras. Assim se passou com
           as várias obras realizadas no âmbito da
           Reforma: muitas foram as decisões imediatas
           que careceram de uma intervenção rápida,
           visto  que  qualquer  demora  podia  significar
           mais custos. Esta forma de atuar manteve-se
           também  noutras  questões.  O  recrutamento
           de  lentes,  substitutos,  auxiliares  e  demais
           funcionários foi, na sua maioria, obra de
           Francisco de Lemos. Isto porque estava em
           melhores condições de garantir quem se devia


           287  Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra
           …, p. 514.
           288  Mudança aceite pelo valido - Manuel Lopes d´
           Almeida, Documentos da Reforma …, p. 154.
           289  Manuel Lopes d´ Almeida, Documentos da Reforma
           …, p. 242.


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