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FRAGMENTA HISTORICA                       O intermediário entre o arquiteto e a sua obra. A
                                                    atuação de D. Francisco de Lemos no seu primeiro
                                                                         reitorado (1770‐1779).
           age mandando prender o infrator e entregá-lo   que o objetivo seria mesmo fazer deste caso
           ao Reitor para este proceder à sua expulsão .   um exemplo. Pombal decide então não só
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           No caso dos estudantes as informações são mais   aplicar castigos aos infratores, como também
           numerosas. Em 1774 D. Francisco de Lemos foi   ao Reitor do dito colégio e, obviamente, a
           encarregado de resolver um caso que envolvia   mão disciplinadora de Carvalho e Melo foi o
           um  ilustre,  um  filho  do  Morgado  de  Mateus.   prelado.
           Chegou ao conhecimento do Marquês que o
           estudante, no colégio de S. Jerónimo, estaria a   4.1.5. Os Estudos Menores no Colégio das
           ser vítima de uma companhia pouco benéfica,   Artes de Coimbra
           o seu criado, e que o seu comportamento
           incorreto era uma consequência dessa       A questão dos Estudos Menores e da
           influência. Foi então ordenado ao prelado que   reatualização que este grau de ensino sofreu
                                                                        257
           interviesse e que despedisse o dito criado e   é bastante complexa .  Esta  temática  está
           advertisse o estudante das suas faltas .   dividida em dois momentos, a primeira que
                                        253
                                                      se inicia em 1759 com a expulsão dos jesuítas
           E logo no mesmo ano surgiram mais problemas.   e a criação da Diretoria Geral dos Estudos e
           Nesta altura alguns estudantes estariam a ser   um segundo momento, onde esta passa para
           desencaminhados por um forasteiro para     o controlo da Real Mesa Censória, no início
           interesses que não eram os estudos. Perante   da década de setenta . Como é óbvio, o que
                                                                        258
           isto, o Reitor não perde tempo e manda     para esta exposição importa é apenas essa
           encerrar os focos de distração e ordena a   segunda fase e, mais precisamente, a realidade
           expulsão do dito desencaminhador . No      coimbrã. Não foi dos temas mais tratados,
                                         254
           ano seguinte novo problema se dá, desta    foi referenciado por 7 vezes nas missivas
           vez com alguns infratores que se faziam    analisadas e apenas foi possível encontrar
           passar por estudantes da Universidade. Este   informações para os anos de 1773 e 1774.
           grave inconveniente leva Pombal a ordenar a
           expulsão dos patrocinadores dos distúrbios, e   Mas também nesta matéria o Reitor foi
           por sua vez, indica o Reitor como responsável   capaz de deixar a sua marca. Neste segundo
           para  o cumprimento da tarefa . Em 1776    257  Rómulo de Carvalho, História do ensino em Portugal
                                     255
           surge então a última informação sobre atos de   …, p. 430.
           indisciplina. Dois porcionistas do Colégio de S.   258  António Alberto Banha de Andrade, “A Reforma
           Paulo, na sequência de desordens havidas no   Pombalina dos Estudos Menores em Portugal e no
                                                      Brasil (linhas gerais de um livro que importa escrever).”
           mesmo Colégio, teriam fugido durante a noite,   in Revista de História, nº 112, São Paulo, [s.n.], 1977,
           e o Reitor depressa atua e manda prendê-   p. 459. O mesmo autor desenvolveu a sua ideia em A
           los  ficando  à  espera  da  decisão  do  Marquês   Reforma Pombalina dos estudos secundários (1759-
           sobre  ulteriores procedimentos a  adotar .   1771). Contribuição para a história da pedagogia em
                                             256
                                                      Portugal,  3  vols,  Coimbra,  Universidade  de  Coimbra,
           Esta também não se fez esperar e ficou claro   1981-1984; António Cruz, “Nota sobre os Estudos
                                                      Menores na Reforma Pombalina” in Pombal Revisitado.
           252  Manuel Lopes d´ Almeida, Documentos da Reforma   Comunicações ao Colóquio Internacional organizada
           …, pp. 144 e 145.                          pela Comissão das Comemorações do 2º Centenário
           253  Manuel Lopes d´ Almeida, Documentos da Reforma   da Morte do Marquês de Pombal, Vol. 1, nº 34, Lisboa,
           …, p. 132.                                 Editorial Estampa, 1984; Rómulo de Carvalho, História
           254  Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra   do ensino em Portugal …, pp. 429 a 437 e 452 a 457;
           …, pp. 547 e 548. O Marquês felicitou, em carta de   Joaquim Ferreira  Gomes,  “O  Marquês  de  Pombal
           fevereiro de 1774, “o Louvável cuidado de cortar pela   criador do ensino primário oficial” in Revista de História
           raiz tudo o que pode servir-lhes [aos estudantes] de   das Ideias (O Marquês de Pombal e o seu tempo), Tomo
           distração nociva” - ver Manuel Lopes d´ Almeida,   I, 1982; Jacques Marcadé, “Pombal et l´enseignement:
           Documentos da Reforma …, pp. 138 e 139.    quelques notes sur la reforme des Estudos Menores”
           255  Manuel Lopes d´ Almeida, Documentos da Reforma   in Revista de História das Ideias (O Marquês de Pombal
           …,  pp. 209 e 210 e também, Genoveva Marques   e o seu tempo), Tomo II, 1982 e, também, Américo da
           Proença, D. Francisco de Lemos…, pp. 45 e 46.   Costa Ramalho, “Um programa de exame de Grego da
           256  Manuel Lopes d´ Almeida, Documentos da Reforma …,   Reforma Pombalina” in Revista de História das Ideias (O
           pp. 230 a 232.                             Marquês de Pombal e o seu tempo), Tomo II, 1982.


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