Page 166 - 4
P. 166
FRAGMENTA HISTORICA O intermediário entre o arquiteto e a sua obra. A
atuação de D. Francisco de Lemos no seu primeiro
reitorado (1770‐1779).
dois polos decisórios. necessidade levou a que muitas das obras
A este assunto, dos Lentes, é ainda possível fossem de autores não nacionais; para Manuel
associar um outro, o do desenvolvimento Augusto Rodrigues foi a ausência de obras de
científico. Isto porque as poucas referências qualidade de autores portugueses que levou a
225
encontradas (2 em 131, Gráfico 2) dizem tais escolhas . Na fonte analisada isso mesmo
respeito a alguns lentes e à Congregação de é visível, os compêndios referenciados são
Medicina . todos de autores estrangeiros.
220
Em 1773 o Reitor reporta ao ministro o sucesso Passando então à análise, o tema dos
que foi a ida do lente Vandelli às minas de Compêndios esteve muito próximo dos
carvão da Figueira da Foz, referindo que se já analisados com 34 referências em 131
tratou de um achado. Desta resultou a ida missivas (Gráfico 2). A sua presença foi
de várias amostras para o museu para serem bastante vincada, acabando por se fazer sentir
analisadas pelos restantes lentes . interruptamente de 1772 a 1775. Tal como já
221
anteriormente concluímos para outros temas,
No caso que envolveu a Congregação de o que aqui também ficou evidente é que este
Medicina, estamos perante a resposta a uma assunto foi uma tarefa conjunta. Mas mais do
preocupação do Marquês. O mal de S. Lázaro que isso, nesta tarefa participou ainda uma
(lepra), que ainda não teria cura, atormentava terceira parte, a Real Mesa Censória, o que por
a colónia brasileira: para tentar resolver o sua vez não seria do agrado do Reitor, levando
problema o Marquês solicitou que ele fosse assim a uma breve tensão. Esta submissão
examinado pela dita congregação, em conjunto que representava um controlo ideológico
com João Francisco Ravin, médico que durante não se deu apenas na Universidade, mas foi
muitos anos trabalhara no Brasil, no sentido transversal a todos os domínios do Reino .
226
de se encontrar um melhor tratamento . E a tensão já se tinha feito sentir ainda antes
222
Assim deveria a congregação manter uma ativa da aplicação da Reforma: em julho de 1772 já
correspondência com Ravin mesmo quando Fr. Manuel do Cenáculo se opunha a qualquer
este fosse para o Rio de Janeiro e, por sua vez, ideia de isenção da Universidade quanto à
deveria ser realizada uma constante atualização questão dos compêndios .
227
do assunto. E em todos estes passos, deveria
então intervir o Reitor assegurando-se que No final do ano o problema ainda se
tudo corria conforme o estipulado. mantinha e o prelado teve que se dirigir
ao ministro para dissipar algumas dúvidas.
Assim, pouco contente com esta situação de
4.1.3. Compêndios dependência, dirige-se a Pombal apontando
certas contradições com o estipulado nos
Como se disse, uma das inovações da Reforma Estatutos . Na resposta, de forma esquiva
228
foi a adoção dos Compêndios que passaram segundo Teófilo Braga, o ministro aponta a
então a substituir as postilas . Seria necessário superioridade da vontade Régia para assim não
223
que estes fossem não só atualizados, no que
diz respeito aos progressos da época, mas
também que fossem claros e breves . A
224
em Portugal (1772-1902), Lisboa, Imprensa Nacional-
Casa da Moeda, 2005, p. 16.
220 Quanto aos anos encontrados foram apenas dois, 225
1773 e 1774. Manuel Augusto Rodrigues, “Alguns aspectos da
221 Este produto foi considerado de altíssima qualidade. Reforma …”, p. 214. Para saber mais sobre alguns dos
Ver Carta de 10 de março de 1773, ANTT, Ministério do autores escolhidos, ver, Manuel Augusto Rodrigues, A
Universidade de Coimbra…, p. 42.
Reino, Maço 609, Caixa 711. 226
222 Manuel Lopes d´ Almeida, Documentos da Reforma Rómulo de Carvalho, História do ensino em Portugal
…, pp. 150 a 153. …, pp. 467 e 468.
227
223 Genoveva Marques Proença, D. Francisco de Lemos…, Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra
p. 24. …, p. 451.
Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra …,
228
224 Paulo Merêa, Estudos de história do ensino jurídico pp. 451 e 452.
166