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Carlos F. T. Alves                                            FRAGMENTA HISTORICA


           em 1772. O problema estaria então nos      académico,  chega  a  altura  das  avaliações  de
           compêndios  que  ainda  não  tinham  chegado   conhecimentos, os exames ou atos. E quanto
           mas, mesmo assim, opta por manter a abertura   à ação do Reitor, a primeira informação que
           das lições .                               sobressai vem-nos das palavras do Marquês
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           D.  Francisco de Lemos acabou por não ter   que suprime uma das dúvidas do prelado,
           uma vida fácil e, mesmo durante o andamento   indicando-lhe que à sua pessoa cabia a
           das aulas, foi várias vezes chamado a intervir.   atribuição dos graus de Cânones e Leis e
                                                                                    176
           Exemplo  disso  foram  as  alterações  que  teve   mais  ninguém  o  podia  substituir . Mas
           que fazer, mudando algumas aulas mais      chega também a intervir nos  exames. Como
           numerosas para salas mais amplas, a supressão   considerava que a forma usada, que consistia
           de algumas cadeiras devido à falta de alunos e,   em examinar duas turmas diariamente, era
           em sentido oposto, a divisão de aulas em mais   demasiado demorada, prefere optar pelo
           do que uma turma devido ao número elevado   exame de uma turma, seis alunos por dia, o
           de inscritos . Mas os problemas no decorrer   que por sua vez não só seria menos demorado
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           das aulas foram ainda mais complicados,    como  poderia  também  ter  alguns  benefícios,
           chegando mesmo a causar algum desconforto   já  que  menos  alunos  podiam  significar  mais
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           entre alguns Lentes. Desta forma o Reitor   tempo para cada examinado .
           decide fazer algumas modificações internas e
           passa as aulas ordinárias das Faculdades para   Outro problema resultou de algumas lacunas
           o interior do pátio das escolas, vagando assim   dos Estatutos relativamente a esta fase. Para
           outras salas para outras aulas, terminado de   suprimir as falhas, que seriam o termo a
           vez com todas as confusões e desagrados .  usar  aquando  da atribuição dos  graus e o
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                                                      pagamento das propinas no ato do exame, o
           A  sua  atenção  ao  estipulado  nos  Estatutos   Reitor sugere duas soluções. À primeira, onde
           também foi evidente. Em 1773, quase no final   se  debatia  o  uso  do  Auctoritate Apostolica
           do ano e talvez já com algum atraso, trata de   ou do  Auctoritate Regia,  digna da nova
           acrescentar a cadeira de Geometria ao plano   mentalidade dos reformadores e daquilo que
           de estudos dos teólogos e dos juristas . Mas   se queria implementar a nível universitário e
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           esta alteração, no início, não teve a frequência   nacional, responde o Reitor com uma solução
           desejada, a falta de alunos foi uma constante   temporária, que seria o uso de  Auctoritate
           na generalidade, por isso o Reitor ordena que o   qua fungor, poupando assim desavenças
           controlo de faltas seja bem mais apertado para   desnecessárias . Quanto à propina dos atos,
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           assim não só registar mas, também, procurar   o Reitor entende que esta se deveria pagar
           averiguar o porquê do problema, para depois   aquando do dito, mas não adiantou nenhum
           agir em conformidade .                     valor, preferindo aguardar por novas ordens .
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           Por fim, como acontece em qualquer percurso   O que acabou por não acontecer: em vez
                                                      disso o Marquês pede ao prelado que reúna
           171  Esta decisão foi bem acolhida por Pombal, também
           ele muito interessado no início das aulas. Ver Manuel   176  Manuel Lopes d´ Almeida, Documentos da Reforma
           Lopes d´ Almeida, Documentos da Reforma …, p. 62.  …, p. 90.
           172  Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra   177  Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra
           …, pp. 466, 482 e 522.                     …, p. 488. Vd. Também Genoveva Marques Proença, D.
           173  Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra   Francisco de Lemos…, p. 46.
           …,  pp.  506  e  507.  E  em  outubro  de  1773  o  Marquês   178  Mas esta decisão que seria provisória, representativa
           responde aceitando a alteração - ver Manuel Lopes d´   do embate entre o Império e o sacerdócio segundo
           Almeida, Documentos da Reforma …, p. 102.  Teófilo  Braga,  acabou  por  se  tornar  permanente
           174  Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra   apesar da vontade inicial do valido. Ver Teófilo Braga,
           …, p. 522. Esta ação acabou por ser aceite pouco depois.   Historia da Universidade de Coimbra …, pp. 487 e 488,
           Ver Manuel Lopes d´ Almeida, Documentos da Reforma   e também, Manuel Lopes d´ Almeida, Documentos da
           …, pp. 121 e 122.                          Reforma …, pp. 92 e 93.
           175  Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra   179  Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra
           …, p. 548.                                 …, p. 490.


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