Page 156 - 4
P. 156
FRAGMENTA HISTORICA O intermediário entre o arquiteto e a sua obra. A
atuação de D. Francisco de Lemos no seu primeiro
reitorado (1770‐1779).
informações dizem respeito apenas a próprio Reitor que, dois anos depois, refere
intervenções no edifício mas numa fase já que já estaria a funcionar em pleno .
130
relativamente adiantada: “e tudo fica muito O que daqui podemos concluir é que de novo
capaz de poder ser já visto por qualquer o Reitor volta a ter um papel ativo. Não como
curioso, q venha a esta Universidade.” . mero executante mas também como decisor.
125
Quanto à ação do prelado não se afasta muito Mesmo que, para a decisão final tenha sempre
do que já ficou exposto. O edifício escolhido que haver consonância entre os dois polos
não estava de forma alguma preparado para decisórios, Lisboa e Coimbra.
nenhum dos estabelecimentos que lhe foram
destinados e daí a ação de D. Francisco de 3.6. O Colégio das Artes e o Paço das
Lemos ser mesmo a adaptação, o que por sua Escolas
vez exigiu diversas demolições e reconstruções.
Não foram apenas as Faculdades, novas
Tal ideia é clara logo em 30 de março de 1773, e restauradas, que exigiram reparações e
quando refere que se demoliram algumas adaptações: outros edifícios foram também
paredes e, também, a 9 de abril do mesmo intervencionados e de novo o Reitor foi
ano, quando pede a demolição da Capela de S. decisivo.
Borja já que também ia beneficiar o Gabinete
de História Natural . Em 18 de maio as obras Na Relação, D. Francisco de Lemos reporta
126
ainda decorriam mas surge então a informação tudo o que se fez tanto no edifício do Colégio
de que as aulas tinham passado para um local das Artes como no Paço das Escolas. E desde
temporário . Embora não fosse possível logo se percebe que tiveram que sofrer várias
127
definir quem ordenou tal mudança, será muito e profundas alterações. E sinal disso mesmo
provável que esta se tenha devido ao Reitor. é a frequência com que ambos são citados
Não só por que ficou evidente a pressa com nas missivas, principalmente no ano de 1773.
que este laborou para garantir que o início Contudo, de entre os dois, sobressai o Colégio
das aulas se dava a tempo, como também já e nesse sentido seguirá esta exposição. Na obra
teria tomado a mesma resolução em situações referida, o Reitor é claro quando diz que teve
semelhantes. E tudo isto, mais uma vez, não que tratar da intervenção a dois níveis, interno
131
foi contestado pelo valido. Como exemplo e externo . Mas prestemos um pouco mais de
fica a missiva de 30 de junho de 1773, onde o atenção à sua ação usando a correspondência
mesmo reage positivamente a tudo o que fora analisada. A nível interno o Reitor demonstrou
feito . bem cedo uma preocupação diferente daquilo
128
que se poderia pensar. Decide então, como
Após estas missivas, poucas se seguem sobre já vimos, usar o Colégio das Artes de forma
o mesmo assunto e nada de novo trazem, parcial e temporária para acolher as aulas
levando assim a que se torne necessário dos estabelecimentos que então ainda não
destacar a última: data de 23 de novembro se tinham terminado . De seguida começa
132
de 1775, ficando então já o Marquês com a a tratar da organização interna do edifício e
informação de que as obras tinham terminado das suas funcionalidades, sugerindo assim
e que o Gabinete estaria pronto para as suas uma mudança que consistia na trasladação do
funções . Esta informação é confirmada pelo refeitório e restantes oficinas para o andar de
129
baixo, já que na altura o Colégio teria várias
133
125 Carta de 10 de março de 1773, ANTT, Ministério do salas não utilizadas . A esta ideia, que data
Reino, Maço 609, Caixa 711.
126 Cartas de 30 de março e de 9 de abril de 1773, ANTT, …, p. 214.
Ministério do Reino, Maço 609, Caixa 711. 130 D. Francisco de Lemos, Relação Geral..., p. 130.
127 Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra 131 D. Francisco de Lemos, Relação Geral..., p. 135.
…, p. 482. 132 Como foi o caso das aulas de Filosofia - ver Teófilo
128 Manuel Lopes d´ Almeida, Documentos da Reforma Braga, Historia da Universidade de Coimbra …, p. 478.
…, p. 85. 133 Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra
129 Manuel Lopes d´ Almeida, Documentos da Reforma …, p. 493.
156