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FRAGMENTA HISTORICA O intermediário entre o arquiteto e a sua obra. A
atuação de D. Francisco de Lemos no seu primeiro
reitorado (1770‐1779).
Não se limitou, contudo, D. Francisco de Lemos terreno fora cedido pelos padres Bentos, como
a informar. Voltando à Relação, podemos ver é referido na Relação, e aqui começa a ação
que, devido ao evidente atraso, o próprio do Reitor num caminho que não foi fácil . A
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Reitor teve que tomar a decisão de mandar 7 de novembro de 1772 Pombal dirige-se a D.
construir um Observatório bem mais modesto Francisco de Lemos incumbindo-o de analisar
no terreiro do Paço das Escolas para que as o terreno cedido . Nesta missiva sobressaem
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demonstrações não se atrasassem, um sinal também aqueles que de perto trabalharam
claro de que, face às dificuldades, o Reitor não com o Reitor: um deles, já mencionado, Ciera
deixou de procurar soluções para permitir o e também Vandelli que, em conjunto com
bom andamento das aulas . o primeiro, ficaram de avaliar e demarcar o
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local destinado ao Jardim. O cumprimento de
tal tarefa foi demorado, aconteceu só depois
3.5. Os novos estabelecimentos da de 3 de fevereiro de 1773 e a razão é simples,
Faculdade de Filosofia os lentes incumbidos de acompanhar o Reitor
A Faculdade de Filosofia foi definitivamente tinham entretanto chegado a Coimbra e a estes
uma das mais apetrechadas pela Reforma de juntaram-se, por ordem do prelado, Dallabella
1772. Como vimos, quatro novos edifícios e outros .
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passaram a enriquecer a recém-criada A tarefa deste grupo foi de grande utilidade,
Faculdade. Mas entre estes e a julgar pelas como ficou visível na resposta do Marquês.
referências encontradas é possível definir Não só avaliaram o terreno como também
desde logo uma hierarquia. O Jardim Botânico, realizaram apontamentos para Elsden que
“no qual se mostrem as Plantas vivas úteis estaria a chegar à cidade . E o que estas
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às Artes em geral” , foi claramente a anotações deveriam referir seriam mesmo as
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maior preocupação de ambos . A sua contrariedades do local proposto. A carta de
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proximidade relativamente à Universidade 22 de fevereiro, do Reitor, é bem clara quanto
era uma obrigação imposta nos Estatutos, à preocupação que atormentaria o prelado.
mas este tinha não só a função de servir a Depois da análise e da deliberação com os
Filosofia como a Medicina . Inicialmente o seus conselheiros, decidiu que esse local não
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seria propício por ser demasiado íngreme e
75 D. Francisco de Lemos, Relação Geral..., p. 127.
76 A. M. Amorim da Costa, “As ciências naturais na que qualquer intervenção de correção seria
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Reforma Pombalina da Universidade «Estudo de demasiado dispendiosa . De forma a resolver o
rapazes, não ostentação de príncipes».” in O Marquês problema continua à procura e acaba por achar
de Pombal e a Universidade, coord. Ana Cristina Araújo, um terreno mais propício às necessidades
Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2000,
p. 169. exigidas. Próximo do proposto, este novo local
77 Esta ideia da criação de um jardim Botânico não era achava-se nas imediações da Universidade
nova. Ainda antes da Reforma, em 1731, já teria sido como era requerido, do aqueduto da cidade
apresentado um plano, para o mesmo fim, da autoria e, para além disso, era de forma regular e
de Jacob de Castro Sarmento, ao então reitor Francisco
Carneiro de Figueiroa - ver Joana Brites, “Jardim abastecido de água, tornando assim a despesa
Botânico da Universidade de Coimbra: contraponto de adaptação menos elevada . Tal ideia é,
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entre a Arte e Ciência” in Transnatural, Coimbra,
Artez, 2006, p. 31, e também, Joana Brites, “Jardim 266.
Botânico da Universidade de Coimbra: de Vandelli a 79 D. Francisco de Lemos, Relação Geral..., p. 132.
Júlio Henriques (1772 - 1873).” in Arquivo Coimbrão: 80 Manuel Lopes d´ Almeida, Documentos da Reforma
Boletim da Biblioteca Municipal, Vol. 39, Coimbra, …, pp. 52 e 53.
Câmara Municipal de Coimbra, 2006, pp. 12 e 13. Neste 81 Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra …,
sentido ver também Fernando Taveira da Fonseca, “ O p. 470.
Jardim Botânico no contexto da Reforma Pombalina 82 Manuel Lopes d´ Almeida, Documentos da Reforma
da Universidade de Coimbra (1772) ” in Século das …, p. 69.
Luzes. Portugal e Espanha, o Brasil e a Região da Prata, 83 Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra …,
Frankfurt/Maine, TFM – Teo Ferrer de Mesquita, 2006. pp. 479.
78 [s. a.], Estatutos da Universidade de Coimbra (1772), 84 Manuel Lopes d´ Almeida, Documentos da Reforma
Livro III, Coimbra, Por Ordem da Universidade, 1972, p. …, p. 80.
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