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Carlos F. T. Alves                                            FRAGMENTA HISTORICA


           executassem .                              estabelecimentos, ganha assim novo fôlego
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           A última missiva sobre o assunto é demasiado   na cabeça do Reitor, que afirma ser necessário
           breve e surge já a 30 de junho de 1774 quando   também para assim dar espaço entre o
                                                                                  120
           Pombal refere que teve conhecimento do     Laboratório  e  os  demais  edifícios . Logo de
           andamento das obras que, segundo o mesmo,   seguida entende que algumas das casas que
           já estavam bem adiantadas . O próprio      então se encontravam próximas do Colégio
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           Reitor dá a obra por acabada antes de 1777 ,   das  Artes  teriam  que  ter  o  mesmo  destino,
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           mas  Teófilo  Braga  refere  que  os  anos  que  se   procurando assim proporcionar uma melhor
           seguiram foram difíceis. E um dos problemas   serventia ao edifício em questão. Rapidamente
           foi mesmo a falta de capacidade em adquirir   trata de tudo e compra as ditas casas para
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           equipamentos à altura das novas exigências   logo as mandar demolir . Nesta decisão, a
           resultantes do progresso .                 autonomia e a liberdade de D. Francisco de
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                                                      Lemos é bem visível. Este é mais um caso onde
           De seguida aparece-nos o Laboratório       age  de  livre  vontade,  tomando  decisões  de
           Químico, embora com menos referências      relevo como foi o caso da aquisição que ficou
           que  os  estabelecimentos  anteriores.  Este   em 171 mil réis e, consequentemente, trata
           também tem que ser entendido como um       de executar a demolição e só depois informa
           instrumento que ligaria os estudantes a uma   o valido.
           vertente experimentalista e de observação .
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           Pombal entende então que este iria partilhar   Neste sentido a resposta de Carvalho e Melo
           o  antigo  edifício  dos  Jesuítas,  assentando  no   é  interessantíssima.  A  5  de  outubro  de  1773
           refeitório .                               responde e não só aceita o que pelo Reitor foi
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                                                      decidido e ordenado, em termos de demolições,
           Mais um vez o Reitor não hesita e faz de tudo   como determina que assim sempre se proceda
           para que a obra se cumpra. De novo volta a   em situações semelhantes . Mas como vimos,
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           considerar ser necessário proceder a algumas   esta autorização vem apenas oficializar o que o
           demolições. O próprio indica, tal como também   Reitor já de facto fazia, servindo-se de toda a
           se vê na  Relação,  que  o  edifício  não  estaria   confiança em si depositada.
           em  condições  e  logo  procede  à  demolição
           de algumas paredes .  Tais  alterações     Sobre o Laboratório, as restantes missivas não
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           providenciadas pelo Reitor iam ao encontro das   acrescentam  notícias  de  relevo  sobre  a  ação
           novas exigências que o novo estabelecimento   do Reitor: apenas se deve realçar a última, que
           necessitava . A ideia da demolição da Capela,   data de 23 de novembro de 1775, e que aponta
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           que  como  atrás  vimos  beneficiaria  outros   para a conclusão do mesmo .
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           112  Manuel Lopes d´ Almeida, Documentos da Reforma   de História Natural ou o Teatro da Natureza,
           …, p. 94.                                  serviria “para se recolherem nelle os Productos
           113  Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra   Naturaes, que por qualquer via adquirir a
           …, p. 560.                                             124
           114  D. Francisco de Lemos, Relação Geral..., p. 130.  Universidade” . Tendo também por sede,
           115  Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra   como já se referiu, o Colégio de Jesus, foi
           …, p. 470.                                 consideravelmente  menos  mencionado  na
           116  D. Francisco de Lemos, Relação Geral..., pp. 130.  correspondência entre ambos. As únicas
           117  António Filipe Pimentel, “Cidade do saber/cidade do
           poder …”, p. 279.
           118   Carta  de  9  de  abril  de  1773,  ANTT,  Ministério do   120   Carta  de  9  de  abril  de  1773,  ANTT,  Ministério do
           Reino, Maço 609, Caixa 711. E também, D. Francisco de   Reino, Maço 609, Caixa 711.
           Lemos, Relação Geral..., p. 131.           121  Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra
           119  Márcia H. M. Ferraz, “A criação do Laboratório   …, pp. 505 e 506.
           Químico da Universidade de Coimbra no final do Século   122  Manuel Lopes d´ Almeida, Documentos da Reforma
           XVIII” in  Divórcio entre cabeça e mãos? Laboratórios   …, p. 103.
           de Química em Portugal (1772-1955),  ed. Ana Luísa   123  Manuel Lopes d´ Almeida, Documentos da Reforma
           Janeira, Maria Estela Guedes, Raquel Gonçalves, Lisboa,   …, p. 214.
           Livraria Escolar Editora, 1998, p. 34.     124  D. Francisco de Lemos, Relação Geral..., p. 128.


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