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FRAGMENTA HISTORICA                       O intermediário entre o arquiteto e a sua obra. A
                                                    atuação de D. Francisco de Lemos no seu primeiro
                                                                         reitorado (1770‐1779).
           No início de 1773, mais precisamente a 3 de   escolha do Reitor.
           fevereiro, acusa o Reitor a chegada das ditas   A 10 de março reporta o Reitor que as
           máquinas para o gabinete . Mas inicialmente   máquinas  já  se  encontram  praticamente
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           D. Francisco de Lemos não as alberga no local   instaladas  na  sala  provisoriamente  definida
           definido  porque  este  não  tinha  condições.   por si . Mas o local que iria servir de sede
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           Decide assim que temporariamente seria     definitiva estava também na mente do Reitor.
           melhor abrigá-las numa sala do Colégio das   Depressa se procura inteirar do andamento
           Artes, o que, por seu lado, pode desde logo   das obras e logo começa a atuar. Em conjunto
           elucidar-nos também sobre o andamento das   com Elsden ordena algumas demolições, sendo
           obras.  E  tal  ideia  acaba  por  ser  confirmada   a primeira uma das paredes do Colégio . Na
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           pelo mesmo quando em 22 de fevereiro       mesma missiva D. Francisco de Lemos informa
           refere que o estabelecimento ainda estaria a   Pombal sobre uma outra demolição que, aos
           sofrer as intervenções necessárias . O Reitor   seus olhos, seria uma necessidade urgente, a
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           vê-se então com liberdade para tomar nova   Capela de S. Borja . A justificação prendia-se
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           decisão: tendo os instrumentos chegado     não apenas com o Gabinete mas também com
           ilesos e estando já a ser montados, decide   o Teatro da Natureza, que passariam assim a
           que temporariamente se deveriam dar as     beneficiar  de  uma  entrada  mais  propícia  e,
           aulas no Colégio das Artes superando assim as   para além disso, ficavam “todos estes edifícios
           inconveniências do atraso das obras .      desabafados; e com huma vista grandiosa, e
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           Tal ação foi bem acolhida pelo Marquês que,   m agradável.” . Mas a decisão sobre esta
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           a  2  de  março  de  1773,  felicitava  o  Reitor   ideia foi demorada: a 18 de maio o prelado,
           pelas  soluções  arranjadas ; não sem antes   depois de avisar que teria ordenado uma
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           ordenar que, para a proteção das máquinas,   outra demolição, volta a insistir na urgência da
           estas se deveriam recolher no lugar que seria   opinião sobre a dita Capela . E esta surge só
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           o dormitório, indicando, de acordo com o seu   no  final  do  mês  seguinte  quando  o  Marquês
           espírito de minúcia ,  todas  as  alterações   concorda com a ideia proposta .
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           que  se  deviam  fazer  no  edifício  definitivo .   A demolição foi demorada e no início de
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           Esta mesma carta terá gerado alguma        julho ainda não estaria terminada, mas por
           confusão,  pois  vinha  contrariar  as  decisões   esta  altura  o  prelado  tinha  já  novo  pedido  a
           acima indicadas, tomadas por D. Francisco de   fazer .  Na  mesma  carta  fica  também  visível
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           Lemos, funcionando como um travão à sua    que Pombal  já estaria na posse das plantas
           ação. Assim, o Reitor procura criar um tempo   para o estabelecimento; o Reitor volta a pedir
           de espera até que se alcance uma decisão .   uma célere decisão sobre as mesmas. E assim
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           Desta  forma  o  prelado prefere  então  não   aconteceu: o ministro responde a 15 de julho
           avançar em nenhuma das direções acabando   aprovando os planos e ordenando que logo se
           por esperar por uma resolução do valido que,
           como vimos a 2 de março, surge favorável à
                                                      105  Carta de 10 de março de 1773, ANTT, Ministério do
           98  Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra …,   Reino, Maço 609, Caixa 711.
           p. 470.                                    106   Carta  de  9  de  abril  de  1773,  ANTT,  Ministério do
           99  Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra …,   Reino, Maço 609, Caixa 711.
           p. 478.                                    107  Carta de 9 de abril de 1773, ANTT, Ministério do Reino,
           100  Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra   Maço 609, Caixa 711. Na mesma missiva é possível ver
           …, p. 478.                                 que o arquiteto tinha já feito também o mesmo pedido.
           101  Manuel Lopes d´ Almeida, Documentos da Reforma   108   Carta  de  9  de  abril  de  1773,  ANTT,  Ministério do
           …, p. 81.                                  Reino, Maço 609, Caixa 711.
           102  Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra   109  Teófilo Braga, História da Universidade de Coimbra
           …, p. 178.                                 …, pp. 483 e 484.
           103  Manuel Lopes d´ Almeida, Documentos da Reforma   110  Manuel Lopes d´ Almeida, Documentos da Reforma
           …, pp. 77 e 78.                            …, p. 86.
           104  Carta de 1 de março de 1773, ANTT, Ministério do   111  Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra
           Reino, Maço 609, Caixa 711.                …, p. 495.


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