Page 150 - 4
P. 150
FRAGMENTA HISTORICA O intermediário entre o arquiteto e a sua obra. A
atuação de D. Francisco de Lemos no seu primeiro
reitorado (1770‐1779).
numa outra já é possível aprofundar um pouco de julho, aceita as indicações para a melhor
mais a liberdade do Reitor, que propôs a Pombal serventia, prova de que as opiniões do Reitor
que as aulas de anatomia, devido ao decorrer tinham um peso determinante e assim foi
das obras, passassem para o Colégio das principalmente após a chegada de Elsden.
Artes . Não foi possível determinar a resposta Quanto ao andamento das obras não foi
54
de Pombal mas, a julgar pelas palavras de D. possível tirar mais informações, apenas
Francisco de Lemos na Relação, ela foi positiva uma outra missiva tem referências a essa
pois é o próprio que refere que a transferência continuação e data já de 1774. Aí se refere que
se deu de facto . Quanto aos instrumentos por o Marquês teria sido anteriormente informado
55
si pedidos não foi possível conhecer o dia exato que as obras ainda não tinham cessado .
61
da chegada, apenas se sabe que em 18 de maio Terminaram apenas em 1779 e, para além do
de 1773 já se encontravam em Coimbra e, Colégio, incluíram também um importante
segundo o Reitor, as demonstrações já teriam acrescento, os edifícios contíguos à Igreja .
62
até começado . Mas a cuidar pelas palavras do próprio Reitor,
56
Mas se esta mudança solucionou o problema, mesmo antes do fim das obras começaram a
uma outra consequência poderia ter criado ser realizadas as demonstrações práticas .
63
como refere João Rui Pita: esta instabilidade O que daqui podemos concluir é que o Reitor
poderia ter gerado a saída precoce do mesmo se mostrou ativo: não só tomou decisões como
Lente acima referido, Luís Cecchi . também se preocupou em sempre dar a sua
57
Quanto ao Dispensatório, que também teve opinião. E se para isso teve liberdade, também
como sede o Colégio, as informações não é certo que teve consigo um importante
abundam. A primeira referência data já de 1773, conselheiro, chegado em 1773 e assim em
altura em que o Reitor já se fazia acompanhar melhor posição ficou para facilmente alcançar
pelo arquiteto Guilherme Elsden. No dia 9 de a concordância de Pombal quanto ao que se
julho escreve D. Francisco de Lemos a Pombal devia fazer.
informando-o do envio das plantas de alguns
estabelecimentos, incluindo do Dispensatório,
e apresenta-lhe algumas alterações pensadas 3.4. O novo estabelecimento da Faculdade
em conjunto com o arquiteto . Entende de Matemática
58
assim que seria mais conveniente colocar o A Faculdade de Matemática foi também
Dispensatório no plano inferior do Colégio e invadida pelo experimentalismo e, nesse
que para o seu bom funcionamento se devia sentido, viu-se então apetrechada com o
demolir a capela, para assim nascer a entrada Observatório Astronómico. As expectativas
principal . Em resposta , o Marquês, a 15 que recaíam sobre este estabelecimento eram
59
60
elevadas e é o próprio D. Francisco de Lemos
p. 479. que enfatiza a sua necessidade, ao assinalar
54 Carta de 1 de março de 1773, Arquivo Nacional da “a perfeição particular da Geographia, e
Torre do Tombo [ANTT], Ministério do Reino, Maço 609, Navegação, que tem merecido em toda a
Caixa 711.
55 D. Francisco de Lemos, Relação Geral..., p. 124. parte a attenção dos Soberanos, fazendo
56 Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra …, edificar Observatorios Magnificos destinados
p. 483. ao progresso da Astronomia, como Sciencia
57 João Rui Pita, “Medicina, cirurgia e arte necessária para se conseguir o Conhecimento
farmacêutica…”, p. 144.
58 Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra …, do Globo Terrestre, e se terem nas mãos as
pp. 494 e 495.
59 A ideia da demolição vai ao encontro do já estipulado
por Pombal, mas ao Reitor e ao arquiteto coube 61 Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra …,
aproveitar o novo espaço que então se abria com a p. 559.
demolição. 62 João Rui Pita, “Medicina, cirurgia e arte
60 Manuel Lopes d´ Almeida, Documentos da Reforma farmacêutica…”, pp. 147 e 149.
…, pp. 94 e 95. 63 D. Francisco de Lemos, Relação Geral..., p. 125.
150