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Carlos F. T. Alves                                            FRAGMENTA HISTORICA


           Novo Hospital, e também para tratar da venda   de Pombal que em 9 de maio refere ter de
           do estabelecimento que então vagava .  E é   facto ordenado tal mudança . Mas as razões
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           logo na sua resposta, a 23 de novembro, que é   de  tal união são mais  complexas  e referem-
           possível ver a ação do prelado. D. Francisco de   se  à  uma  tendência  europeia,  aglutinadora
           Lemos mostra-se preocupado com o estado do   de unidades mais  pequenas em unidades
           local que iria receber as enfermarias, e nesse   maiores, a necessidade de ter vários doentes
           sentido entende que era necessário proceder   com maleitas variadas, e razões financeiras .
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           a algumas demolições no interior permitindo   O que mais incomodava o ministro de D.
           assim uma melhor circulação; refere ainda   José era a conclusão das obras neste edifício,
           que, devido a essa alteração, seria impossível   de tal forma que é com agrado que recebe a
           lecionar  no  edifício  e  muda  as  aulas  para  o   informação de que o hospital se concluíra,
           Hospital Velho .                           podendo  assim  iniciar-se  as  lições  para  aí
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           No dia 27 chega a resposta de Pombal,      destinadas . Mas apesar desta boa nova, as
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           aceitando o sugerido e avisando o Reitor de   restantes dependências do Hospital só ficaram
           que  as  plantas  do  edifício  estariam  quase   completas em 1779, atrasando a plena entrada
           concluídas e que prontamente seriam        em funções do estabelecimento.
           enviadas para Coimbra . Mas para auxiliar   O  edifício  do  antigo  Colégio  de  Jesus  foi
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           não importavam apenas as plantas: o ano de   também o escolhido para acolher o Teatro
           1773  fica  marcado  pela  chegada  de  Elsden   Anatómico. Em 1772, o  Marquês delimita o
           a Coimbra, iniciando assim uma importante   local e o que nele se há-de fazer para receber
           cooperação entre ambos que se estendeu a   o novo estabelecimento .  A  concretização
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           todos os edifícios. A colaboração é visível logo   de mais este equipamento vinha acima de
           no dia 9 de julho quando o Reitor informa o   tudo  brindar  a  união  entre  duas  práticas
           Marquês de que foi decidido passar o Hospital   distantes, a cirurgia e a anatomia, que a partir
           para  a parte superior do Colégio , mudança   de 1772 se congraçavam representando assim
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           bem aceite por Pombal .                    mais uma importante inovação da Reforma
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           Outro auxílio importante foi também a      Pombalina . Mas nas missivas analisadas as
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           Congregação de Medicina: não só o Reitor   informações quanto ao Teatro não abundam,
           trabalhou em conjunto com este corpo como   ficando-se  apenas  pelas  referências  a  alguns
           também funcionou como um intermediário     instrumentos anatómicos. Pese embora a falta
           deste  e  das  suas  decisões  com  o  Marquês.   de  dados,  continua  a  ser  possível  ver  a  ação
           Nesse  sentido  vai  a  missiva  de  6  de  abril  de   do  Reformador.  Em  22  de  fevereiro  de  1773
           1774 onde o Reitor indica que ainda não seria   surge uma primeira informação, quando, para
           possível transferir os doentes para as novas   obviar à dificuldade que lhe fora assinalada por
           instalações e propõe que para o Novo Hospital   Luís Cecchi (não ter instrumentos para fazer
           passe a total administração dos restantes   dissecções),  pede  a  Pombal  que  envie  para
           estabelecimentos hospitalares . Esta ideia,   a Universidade os instrumentos anatómicos
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           já  estipulada  nos  Estatutos,  caiu  nas  graças   e cirúrgicos já prontos, cuja ausência
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           42  Manuel Lopes d´ Almeida, Documentos da Reforma
           …, p. 28.                                  48  Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra …,
           43  Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra …,   p. 554.
           p. 460.                                    49  João Rui Pita, “Medicina, cirurgia e arte
           44  Manuel Lopes d´ Almeida, Documentos da Reforma   farmacêutica…”, p. 139.
           …, p. 62.                                  50  Manuel Lopes d´ Almeida, Documentos da Reforma
           45  Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra …,   …, p. 214.
           pp. 494 e 495.                             51  Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra …,
           46  Manuel Lopes d´ Almeida, Documentos da Reforma   p. 438.
           …, pp. 94 e 95.                            52  João Pedro Miller Guerra, “A Reforma Pombalina …,
           47  Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra   p. 195.
           …, p. 553.                                 53  Teófilo Braga, Historia da Universidade de Coimbra …,


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