Page 16 - REVISTA MULHERES EDIÇÃO 21
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fome, frio e foi ajudada. Ela teve com
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                                                                                        As entregas ultrapassam a mate-
                                                                                     rialidade. O ápice é doação humana.
                                                                                     “Não é só dar o alimento. Quem está
                                                                                     na rua se torna invisível para muitos.
                                                                                     É olhar no fundo dos olhos, estar dis-
                                                                                     posto, ouvir e contar histórias, brincar,
                                                                                     fazer piada. Tem gente de tudo quanto
                                                                                     é tipo. Tem gente estudada, com pro-
                                                                                     fissão, família formada. Ninguém está
                                                                                     ali porque quer. Ninguém deseja uma
                                                                                     vida ruim. O buraco social é maior do
                                                                                     que podemos imaginar”, frissa Emer-
                                                                                     son Rodrigues, voluntário. Um dos
                                                                                     momentos de maior emoção para ele
                                                                                     veio através de um pedido inusitado.
                                                                                     Em uma campanha natalina, na qual
               Black Friday movimentou o bazar
                                                                                     as crianças normalmente ficam vidra-
                emergenciais para arrecadar mantimentos e distribuir cestas básicas. Tudo passou   das e ansiosas por presentes, ele ouviu
                por adaptação para atender às normas de combate contra o novo coronavírus,   de uma menina: - Tio, me dá um abra-
                afinal de contas, a fome não espera a vacina ficar pronta. A ajuda não pode parar!   ço?  Abraço,  que  hoje  tanto  faz  falta,
                Em novembro, incluiu o bazar na promoção do famoso e popular Black Friday,   antes já era desejado e solicitado. Qual
                com roupas e acessórios femininos, masculinos e infantis, resultados de doações.   o valor de um abraço? Qual é o preço?
                                                                                     Aquela menininha quis um por quê?
                Anos de dedicação                                                       Elaine também já vivenciou situa-
                rendem histórias comoventes                                          ções inesquecíveis. Nessas andanças,
                  O grupo faz campanha para pedir alimentos. Os integrantes batem de porta   testemunhou um homem procurar co-
                em porta em busca de donativos. Já chamaram em casarões luxuosos e casinhas   mida em uma caçamba de lixo. Ele se-
                simples. Num casebre, a moradora os recebeu e disse ter apenas duas barras de   parava alimentos descartados de papel
                sabão. Mesmo assim, ela quis doar uma. Por que ela fez isso? Porque sentiu a dor   higiênico usado. Aquilo era a esperan-
                do outro. Porque a realidade dela é a mesma vivida pelo colega. Porque já passou   ça, a única opção para diminuir o abis-
                                                                                     mo do estômago. Essas lembranças im-
                                                                                     pulsionam o trabalho contínuo. “Agora
                                                                                     com a pandemia, tem mais pessoas na
                                                                                     rua. Dá oito, dez horas da noite e tem
                                                                                     criança sem comer o dia inteiro. Quan-
                                                                                     do entregamos os marmitex, tem gen-
                                                                                     te  com  tanta  fome  que  não  consegue
                                                                                     sequer esperar a colher chegar. Come
                                                                                     com a mão mesmo e já pergunta se tem
                                                                                     mais”, salienta Elaine.

                                                                                     Mãos Amigas vai
                                                                                     expandir o amparo
                                                                                       Uma das novidades do grupo é o
                                                                                     Banheiro Solidário. Aprovado pelas au-
                                                                                     toridades municipais e adaptado com
                                                                                     espaços divididos entre banheiro e tro-
                                                                                     cador, ele deve entrar em funcionamen-
                                                                                     to no início de 2021. O objetivo é ofere-
                                                                                     cer a possibilidade de tomar banho. Ou
                                                                                     eles pagam R$ 5,00 para fazer a higiene
                A cozinha é o centro do trabalho da entidade                         pessoal no terminal rodoviário ou pas-



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