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ser identificadas, mas relatam terem sido vítimas de estupro. Apesar dos
traumas, das frequentes crises de ansiedade e do medo de falar sobre o as-
sunto, elas acreditam que juntas as mulheres estão mudando essa realidade.
“Quando uma mulher realiza uma denúncia e fala sobre isso ela não tem
noção do quanto encoraja outras mulheres a também quebrarem o silên-
cio”, disse Ana. “Tem sido muito difícil pra mim lidar com o olhar das pes-
soas que me questionam e com o medo que eu sinto todos os dias”, revelou
Maria. “Pra mim, o mais difícil foi aceitar que fui estuprada todos os dias
por mais de 10 anos por meu ex-marido sem nem saber que aquilo era um
estupro”, contou Luana.
Já Alyne aposta na vocação de grupos como o Mulheres do Brasil
para quebrar a crença de que mulheres apenas competem entre si. “Essa
cultura patriarcal e, consequentemente, a cultura do estupro, começa a
perder espaço para políticas e ações realmente efetivas e eficazes para a
sociedade”, observou.
De modo geral, Alyne, Tatichelle, Ana, Maria e Luana concordam que,
para transformar essa cultura, não basta que as mulheres denunciem e se
articulem em grupos e coletivos. É fundamental que, além disso, exista
uma mudança nos órgãos competentes e nos profissionais que atendem
diretamente às vítimas. Afinal, os grupos passam, mas as políticas públi-
cas bem implementadas ficam. Isso sem falar da necessidade de mudança
da postura dos homens, que precisam colaborar na construção de mascu-
linidades mais sadias.
Aline Gondim em encontro do Grupo Mulheres do Brasil
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