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destaca. Os preços de tratores também subiram. As va-
lorizações do aço no mercado externo e do dólar em
relação ao real foram alguns motivos para a indústria
de máquinas agrícolas ajustarem os custos de venda.
A política externa também gerou obstáculos. Em se-
tembro, o governo comunicou a presença de dois casos
atípicos de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EBB),
conhecida como a doença da vaca louca, em frigoríficos
brasileiros. A exportação da carne foi suspensa para a
China, considerada um dos maiores mercados.
Outro fator de grande impacto é o clima. “Se o
produtor não tiver um bom relacionamento com São
Pedro, está torrado!” 2022 mal começou e o problema é
o excesso de chuva. “A cada ano, aparecem mais pragas
nas lavouras. Elas são combatidas através de pulveriza-
ções, mas, com chuva, não dá pra fazer”, esclarece. Em
2021, três problemas graves assolaram as plantações:
seca, geadas fortíssimas e fogo. O último, inclusive, foi
o responsável pelo surgimento de uma tendência. Pro-
dutores migraram da plantação de cana-de-açúcar para
o trigo. A cultura é recente, entretanto está em expan-
são e tem necessidade urgente. “Uberaba tem deficiên- Segundo Rivaldo Machado Borges Júnior, é na crise que se
cia de armazenamento pra grãos”, explica. cresce - Foto: divulgação
Os desafios foram e continuam grandes, porém a
esperança da classe é ainda maior. Para Gilberto Dias, a
expectativa de crescimento gira em torno de 1,5 a 2 % em
relação à última safra. Tão esperançoso quanto ele está
Rivaldo Machado Borges Júnior, presidente da ABCZ
(Associação Brasileira dos Criadores de Zebu). “Na cri-
se nós criamos e crescemos”, costuma dizer. “Só nos
últimos dois anos, nosso número de associados cres-
ceu, com mais de 1.260 mil novos criadores. O número
de registros genealógicos também aumentou, atingin-
do mais de 1.2 milhão, entre Registros Genealógicos
de Nascimento e Registros Genealógicos Definitivos”,
aponta. A força do agro é tamanha que não para de
receber sinais do mercado internacional. “No que se
refere ao mercado da carne, o Brasil produz mais de
10,3 milhões de toneladas, sendo que boa parte des-
sa quantidade é negociada para dezenas de países em
todo o mundo, seguindo rigorosos padrões de quali-
dade. O mesmo acontece com material genético e ani-
mal vivo.” Para ampliar os resultados, o setor precisa
de mais investimentos. E, para o presidente, as ações
são tanto da porteira para fora como para dentro e tan-
to dos grandes como os pequenos criadores. Políticas
públicas, melhoramento genético e equipamentos são
relevantes para contribuir com uma pecuária mais pro-
dutiva e sustentável.
Políticas públicas é, também, dever do munícipio.
De acordo com o secretário municipal do Agronegócio,
José Geraldo Celani, o segmento é muito forte, extenso
e complexo. “Ele começa com a produção e distribui- Luis Renato Tiveron acredita no potencial da carne brasileira
ção de insumos. Em seguida, há uma série de fatores Foto: divulgação
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