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turistas era evidente. As obras precisavam ser agregadas e ga-
               nhar notabilidade em local oportuno. Depois de muitos anos,
               no governo do prefeito Silvério Cartafina, veio a sede própria
               (em comodato, cedida pela prefeitura). A partir disso, uma pes-
               soa se tornou atuante nessa causa associativista: a ex-primeira-
               dama Teresinha Cartafina. “A Casa do Artesão significa, não só
               para mim, mas como para todo o Brasil, o que Uberaba tem de
               melhor: a alta capacidade de artistas e artesãos.  Temos pro-
               fissionais conhecidos no mundo todo”, orgulha-se Terezinha,
               considerada a madrinha da Casa.
                  Mais uma incoerência: a Casa andava. Rss. Ela mudou
               bastante de endereço, no entanto sempre na região central. A
               primeira foi localizada na avenida Capitão Manoel Prata. Em
               seguida, passou para a rua Segismundo Mendes, nº 37; praça
               Santa Terezinha; rua Alaor Prata, nº 174; e, finalmente, se esta-
               beleceu na rua Senador Pena, nº 352.
                  O imóvel, por si só, já é uma obra de arte. Ele foi erguido
               em 1932 pelo engenheiro e arquiteto espanhol André Fernan-
               des a pedido do fazendeiro Joaquim Alves Teixeira, personali-
               dade decisiva para a consolidação de Uberaba como a capital
               mundial do zebu. A casa é de estilo eclético, como um chalé.
               Ela foi comprada pela prefeitura, que a tornou sede da Casa do
               Artesão e Associação de Mulheres Rurais de Uberaba (Amur)
               em 21 de setembro de 2008.  Foi tombada pelo decreto 3.600
               devido à importância cultural.
                  A propriedade é fantástica tanto por fora, pela arquitetu-
               ra, quanto por dentro, pelas peças dos artesãos, localizadas no
               segundo andar. E quanta variedade! São diversas salas com te-
               cidos, cerâmicas, madeiras, teares, biscuits, crochês, macramês,
               mandalas, imagens, gessos, enxovais de bebê, licores, doces,
               telas, esculturas, ... “Quando uma pessoa deseja se associar, seu
               trabalho passa por uma consultoria interna, na qual analisa-
               mos a qualidade dele. A única exigência é que seja produzido
               manualmente, sem qualquer interferência industrial”, explica   Ingrid é a associada mais antiga
               a presidente Fátima Penha.
                  Para se manter, a Casa do Artesão vive de mensalidade dos
               48 associados e porcentagem de vendas. “Conforme a época,
               esse valor não supre as necessidades, pois temos funcionária,
               contador e despesas com energia, telefone, entre outras. Por
               isso, fazemos e participamos de eventos para angariar fundos”,
               explica a secretária Ingrid Seitz, considerada a colaboradora a
               mais antiga, com 35 anos de devoção. “Já faço parte do acervo”,
               brinca. E mesmo com as “estacas fincadas”, a Casa continua a
               andar. Através de doações e contribuições de emendas par-
               lamentares, os associados realizam cursos e oficinas. Eles já
               foram para Capelinha do Barreiro, Ponte Alta, Delta, Frutal,
               Sacramento, e muito mais.  Com a sensibilidade inerente a um
               artista, Fátima confessa ter recebido a ligação de uma aluna,
               que disse viver do que ela lhe ensinou. “É muito gratificante”,
               festeja emocionada.
                  A  andança  não  para.  O  grupo  já  enviou  representantes
               para exposições e feiras importantes no território nacional.
               Em 1995, uma grande exposição de artesanato do Mercosul
               foi organizada em Araraquara (SP). A instituição representou   Toda obra é feita à mão


                                                                                                         Mulheres Ed. 23 - 25
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