Page 27 - Revista escriba (primeira ediçao)
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Maquinista


                                                            I

                  de despachos e oferendas
                  arregimentei as prendas

                  que te dei à sombra do sol


                  foi uma perplexidade:


                               a cara de uma barata

                               num barato de detefon


                               teu retrato em polaroide
                               nunca deixou que mentisses



                  este é o meu salvo-conduto
                  pra atravessar tua vida

                  num trem que trina nos trilhos

                  valsas em moto-contínuo


                                – resgatei a hipoteca
                                dos meus sapatos de cristal  –


                  dançar foi uma conquista:

                  de ofício, sou maquinista


                                                            II

                  imundo de pó de carvão,
                  limpei fuligem com leite

                  de rosas: teu claro lenço,
                  surrupiei-o da bolsa



                                ficou preto o pano branco
                                e eu nunca mais fui tisnado
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