Page 21 - Revista FRONTAL - Edição 50
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SECÇÃO PRINCIPAL







        RM restringiam esta técnica a uma avaliação me-
        ramente morfológica, no entanto, novas tecnolo-
        gias resultaram num alargamento das indicações
        para este método. Em 1982, uma reportagem no
        New York Times falava de uma nova era tecno-
        lógica em que os testes de diagnóstico sairiam
        do laboratório e entrariam diretamente no con-
        sultório médico. Apesar de existirem alguns tes-
        tes rápidos nestes moldes, atualmente, a maioria
        dos meios complementares de diagnóstico con-
        tinuam a precisar da expertise de profissionais
        competentes e cada vez com um maior grau de
        especialização que acompanhem o desenvolvi-
        mento contínuo destes exames e testes.
           Tabagismo: Hoje em dia é intuitivo asso-
        ciar o tabaco a patologias respiratórias como o
        Cancro do Pulmão, no entanto foi apenas nos
        anos 60 do século passado que esta relação foi
        estabelecida e medidas legislativas e políticas
        públicas de prevenção e combate ao consumo
        de tabaco apenas se generalizaram durante a
        década de 80. Em 1986, 33,3% dos homens
        portugueses fumava e apenas 5% das portu-
        guesas eram fumadoras. Em 2015, o número
        de homens fumadores diminuiu para 28,3%,
        mas a prevalência nas mulheres aumentou para
        16,4%. Esta diferença constitui uma alteração
        significativa na demografia da população fuma-
        dora, talvez surpreendente. Em 1994 foi publi-
        cado um artigo que defendia uma alteração do
        paradigma da investigação nesta área para uma
        investigação translacional que envolveria uma
        equipa multidisciplinar baseada na investigação
        básica, comportamental e medicina clínica. Uma
        das abordagens sugeridas seria a utilização de
        biomarcadores de forma a identificar indivíduos
        com um maior risco de Cancro do Pulmão e di-
        rigir-se-iam intervenções de cessação tabágica
        específicas para esse risco. Atualmente, a Inves-
        tigação Translacional tem um papel importante
        na prática clínica, merecendo, inclusivamente,
        uma Unidade Curricular própria na nossa escola
        médica.
           Randomised Controlled Trials (RCT): Nin-
        guém duvida que os RCTs são o método gold-
        -standard para testar e medir a eficácia de um
        novo tratamento, no entanto, em 1970, muitos
        cirurgiões foram encorajados a “resistir ao fervor
        quase religioso daqueles que santificavam os
        RCT como a única forma de aprender a verda-
        de”. De facto, a primeira vez que a palavra gold-
        -standard foi associada a RCTs num artigo de re-
        ferência foi em 1982. Hoje em dia os RCTs são a

                                                                                                     edição 50 — 17
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