Page 9 - Revista FRONTAL - Edição 50
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EIS A QUESTÃO




        comuns, até com os projetos Erasmus, mas   nosso boletim, Ana Lusa, tendo sido também   frontalidade. Portanto, não foi fácil. Como
        em 1984, quando se iniciou, foi algo inovador,   diretora da FRONTAL. Assim aproveitámos a   já tinha dito acima, era difícil encontrar es-
        permitindo a dezenas dos nossos estudantes   experiência que ela arranjou na direção da re-  tudantes para escrever os artigos. Os mé-
        conhecer uma realidade que era desconhe-  vista para pôr médicos a gerir o seu destino.  dicos e estudantes de medicina não gostam
        cida. Fizemos sempre questão de também                                  de escrever, apesar de termos dezenas de
        receber com cortesia os estudantes que vi-  5.  Quantos números do jornal saíam   escritores médicos da nossa história.
        nham para a nossa casa.             anualmente? De que forma organiza-    Apesar de já não estar envolvido, também
                                            vam essas edições, e que temas costu-  diria a última, ao ver que o projeto continua
        4. Em que medida considera que o tra-  mam ser abordados?               vivo e a crescer passados 34 anos, com muita
        balho que realizou com o projeto influen-  RC:  Por ano, eram lançados 9 números   melhor qualidade gráfica e até de conteúdo.
        ciou a sua vida profissional/pessoal?  anualmente com uma periodicidade semanal, o
           RC: Diria que cimentou o papel essencial   que se conseguiu manter durante a maior par-  7. Enquanto diretor do FRONTAL, havia
        da comunicação de informação naquilo que   te da vida do FRONTAL. Os temas abordados   alguma coisa que gostaria de ter feito,
        fazemos, não só a nível da relação médico-  incidiam principalmente nos eventos da vida es-  mas que não foi possível realizar?
        -doente, como também a nível político e sin-  tudantil e associativa. A nível da faculdade, era   RC: O que me custa é que não existem có-
        dical. Estive 12 anos enquanto deputado na   fundamentalmente na afirmação dos direitos dos   pias de números dessa altura. Não havia uma
        Assembleia da República, como também es-  estudantes, acompanhando a grande movimen-  preocupação na altura em manter o arquivo
        tive na Assembleia Municipal de Oeiras e na   tação a nível nacional por causa da ação social   daquilo que era feito. É uma das coisas menos
        vereação da Câmara Municipal da Amadora.   escolar que se sentia.       boas relativamente ao projeto, e a única mágoa
        Nestes cargos foi essencial a experiência de   Recordo que na altura, a faculdade não ti-  que tenho relativamente ao FRONTAL foi não
        comunicação e trabalho em equipa, sempre   nha os instrumentos legais completamente de-  recolher a história editorial.
        com honestidade.                    senvolvidos. Por exemplo, não havia conselho
           Tal como agora no sindicado, é essencial   pedagógico e o conselho diretivo era algo que  8. Em que medida o FRONTAL do seu
        utilizarmos médicos, estudantes de medicina,   não estava acautelado pela lei. Isto porque os   tempo enquanto aluno é diferente da
        e antigos dirigentes associativos como dire-  processos legislativos referentes ao processo   FRONTAL de agora? Quais são os pon-
        tores do nosso boletim. Isto é, podemos ter   de iniciação da faculdade (em 1973) foram atra-  tos que lhe saltam mais à vista?
        ajuda de pessoas da comunicação, compo-  sados pelo 25 de Abril. O trabalho de trabalho   RC: Sem qualquer exagero é a grande qua-
        sição, área financeira, recursos humanos e   pedagógico com a faculdade era feito pelas   lidade gráfica e de conteúdos da revista, tendo
        imagem, mas quem coordena os projetos e   comissões de curso, tendo estas um grande pa-  vindo-se a manter ao longo dos anos, e que se
        mete a “mão na massa” são os médicos. Um   pel. Consequentemente, em todos os números   encontra a anos-luz da rudimentar capacidade
        exemplo disto é a atual diretora executiva do   tínhamos 2 comissões de curso que escreviam   naqueles anos em que estávamos concentra-
                                            sobre os problemas que sentiam. Também falá-  díssimos no combate pela afirmação interna e
                                            vamos sobre algumas questões de combate po-  externa. Comparativamente às 4 páginas que
                                            lítico-estudantil, mas não se redigiam artigos de   escrevíamos e que tínhamos de utilizar equi-
                                            opinião, ou sobre temas mais específicos, como   pamentos antigos em chapas de alumínio, até
                                            a revista atual.                    parece que o jornal vem da pré-história.
                                               Dos problemas  principais  era  encontrar   O reconhecimento dessa qualidade não
                                            estudantes para escrever os artigos, até para   fica pelas palavras. É também expresso na
                                            um jornal que era pequeno. Também havia   parceria em que o Sindicato Independente
                                            uma dificuldade técnica de elaborar estes   dos  Médicos  (SIM)  tem  com  a  associação
                                            números. Os jornais eram impressos após   de estudantes e a FRONTAL, em que o SIM
                                            composição em chapas de alumínio que eram   adquire 100 exemplares da revista e as envia
                                            reproduzidas em máquinas pesadas e pouco   pelo correio a líderes de opinião política, sin-
                                            flexíveis. Um pesadelo…             dical, associativa e médica.
                                                                                  Por fim, mudando os responsáveis, os
                                            6. Qual foi a edição e o artigo que mais   escritores e os temas, têm-se vendo muito
                                            lhe marcaram? Porquê?               trabalho na conceção e edição dos artigos.
                                               RC:  Foi a primeira edição, sem dúvi-  Queria aproveitar este momento para dar os
                                            das, porque foi um processo muito extenso   parabéns à FRONTAL e à AEFCM que tudo
                                            e criativo. Até o logotipo inicial teve de ser   tem  feito  para  a  apoiar  par  a  desenvolver
                                            criado. Eram duas caveiras a chocarem, dois   um projeto que tem uma grande qualidade,
                                            ossos frontais, para ser mais correto. Fron-  sendo uma grande escola para o papel de
                                            tal  do  osso  e  frontal  porque  não  tínhamos   liderança que os médicos têm de ter na sua
                                            receios, e colocávamos as questões com   atividade profissional.


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