Page 42 - Livro Ana Clara - Discursos Diretos (FINAL).indd
P. 42
Quando uma mulher, por exemplo, está apenas usando Inglaterra, não muçulmana, 16
hijab e espera em um ponto de ônibus em algum ou-
tro país que não é islâmico, pessoas fazem comentários “O lugar onde eu vivo é muito multicultural, muitas ra-
abusivos. Alguns não falam nada, mas continuam a te- ças e religiões diferentes se dando bem, mas isso parece
mendo secretamente. Outras pessoas até tentam cha- acontecer apenas com a geração mais jovem. Algumas
mar a polícia para ela, como se só por ser muçulmana a áreas são predominantemente brancas e cristãs, e acon-
sua verdadeira missão no mundo fosse destruir todas as tece que eu vivo em uma dessas. Eu admito: amo onde
outras religiões. Nós só queremos espalhar paz e deixar moro, mas fico confusa sobre como há falta de diversi-
as pessoas cientes, com a ajuda de poucos que enten- dade na minha pequena cidade, ao passo que na cidade
dem, de que MUÇULMANOS NÃO SÃO TERRORISTAS. ao lado há um grande alcance de diferentes pessoas do
mundo inteiro vivendo lá.
Sério, muito obrigada por fazer isso. Sério, obrigada por
fazer isso não só por mim, mas por todos os muçulmanos Eu sou amiga de vários muçulmanos. De alguns eu sou,
ao redor do mundo, significa muito.” realmente, bem amiga, e eles são as pessoas mais ca-
rinhosas, amáveis e graciosas que eu já conheci. Eu me
sinto honrada por ser amiga deles. Eu vejo o tipo de ódio
que eles recebem e tenho nojo do jeito como as pessoas
os tratam. Eu simplesmente não entendo por que é tão
difícil para alguns entenderem ou até mesmo aprecia-
rem outras religiões e respeitá-los como seres humanos
de verdade.
Sempre que eu tento ter uma conversa com minha fa-
mília sobre o Daesh e o equívoco sobre serem “todos
os muçulmanos”, eu não consigo explicar a frustração
que sinto. Quando eu uso o argumento de que ninguém
culpa a cristandade pelo K.K.K, minha família simples-
mente não consegue entender que as duas situações são
praticamente a mesma coisa.
Pessoalmente, eu consigo enxergar totalmente a situa-
ção que está acontecendo no mundo, e acho que todos
deviam fazer o mesmo. Como disse antes, meus amigos
que são muçulmanos são algumas das pessoas mais le-
gais e compassivas que eu já conheci. Se outras pessoas
conseguirem enxergar além dessa barreira, nós todos
poderemos viver em paz, algo que eu espero que acon-
teça num futuro próximo.”
42