Page 8 - Livro Ana Clara - Discursos Diretos (FINAL).indd
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Escrever um livro não é algo essencialmente fácil. Você
                                                                        não abre um Word ou qualquer outro programa moder-
                                                                        no desses que encontramos por aí e simplesmente es-
                                                                        creve. E não é só o manejar de uma folha de papel a ser
                                                                        posta na máquina de escrever que o fará tecer palavras
                                                                        em tinta; muito menos aquela caneta tinteiro que habi-
                                                                        tou as mãos dos mais famosos autores o fará ser um ás
                                                                        da escrita moderna.

                                                                        Escrever é um ato de coragem.


                                                                        Escrever um livro que fala sobre outras pessoas reais que
                                                                        não o seu alter ego é mais coragem ainda.


                                                                        Este livro que hoje está em suas mãos reúne palavras
                                                                        que tentam – mas só tentam mesmo – transmitir o que
                                                                        outras pessoas sentem.


                                  Um ato de                             Falar de sentimentos também não é muito fácil. Nem os
                     coragem                                            mais renomados autores da literatura mundial consegui-
                                                                        ram transmitir por completo o que gostariam por meio
                                                                        de seus personagens.  Uma vez eu li, em outro amon-
                                                                        toado de palavras, que nem Tolstói e Proust souberam
                                                                        como transmitir os sentimentos obscuros que passavam
                                                                        por seu imaginário.


                                                                        Por falar em Tolstói, em seu livro Anna Karenina, ele abre
                                                                        a história com a seguinte frase: “Todas as famílias felizes
                                                                        são iguais. As infelizes o são cada uma à sua maneira”.


                                                                        Achei a citação muito pertinente para esta história, para
                                                                        o enredo deste livro.


                                                                        Pensemos: Anna Karenina retrata o pensamento vigente
                                                                        na época, por volta de 1877. A obra é ambientada na
                                                                        Rússia do século XIX, em plena efervescência da Revolu-
                                                                        ção Industrial. O pensamento da sociedade se expressa
                                                                        nitidamente no transcorrer do livro, e leva o leitor a crer
                                                                        que, assim como em algumas sociedades hoje, ninguém



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