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30 Março de 2018 do Mundo: 80,00€ / Digital: 15,00€
Patrimonium é a peça do atelier A SEMANA DO ZÉ POVINHO
Sá Nogueira para a colecção da uarenta e quatro anos depois do 16 de
Março de 1974 e no momento em que o
Qmovimento do RI5 é homenageado com
uma marca que vai perdurar no tempo, Zé Povinho
Gazeta das Caldas independentemente da sintonia no momento com os militares do
também quer homenagear esses homens que,
resto do país, avançaram destemidamente pela conquista de um
Patrimonium é como se designa a peça do atelier Sá Nogueira, a segunda da nova objectivo utópico.
colecção da Gazeta, dedicada às termas das Caldas. Conhecendo a história hoje, essa utopia transformou-se em 25 de
A proposta de José e Amélia Sá Nogueira está directamente relacionada com os altares Abril seguinte em realidade e na realidade feliz para todos os por-
tugueses sabem, e que serviu para se irmanaram nesse movimento
da Igreja do Pópulo, que datam do século XVI. Os ceramistas convidaram o historiador
libertador de um país subjugado a quase meio século de ditadura.
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Ainda há dias, quando se ouviu o coronel Otelo Saraiva de Carvalho
Nacional para participar neste projecto. e o major general Matos Coelho na sessão comemorativa do 16 de
Março, os mais jovens assistentes estavam surpreendidos e encan-
DR DR tados a ouvir a descrição dos acontecimentos, como uma odisseia
Natacha Narciso ou aventura romanesca, de um conjunto de poucas centenas de ho-
nnarciso@gazetacaldas.com mens que partiram numa dezena de viaturas com espingardas na
mão, para derrubar um regime mesmo decrépito, mas que contava
O Atelier Sá Nogueira, gerido por com armamento poderoso nas suas unidades da capital.
José e Amélia, em A-dos-Francos, Que iria na cabeça daqueles homens, dos ofi ciais, aos sargentes e
aceitou o desafi o deste semaná- cabos, como dos soldados, para se terem decidido pelo desconheci-
rio e apresenta Patrimonium, uma do daquela aventura que a falhar lhes traria trágicas consequências?
peça inspirada nos azulejos dos Certamente que viam ao fundo do túnel uma ténue luz de esperança
frontais dos altares da Igreja do na libertação de um povo subjugado e manietado por uma guerra
Pópulo. colonial que já levava 13 anos e que trouxera ao país bastantes mortes
Os autores dedicam-se a produ- e estropiados, como muitos jovens que eram levados a abandonar o
zir azulejos que aplicam em tam- país para não fazer a guerra, para além de todas as consequências
pas de caixas de vários tamanhos. no desperdício de recursos com aquela obrigação inconsequente.
Neste atelier caldense também se Zé Povinho está feliz com esta distinção do 16 de Março no monu-
desenvolvem colecções para os mento do escultor Santa Bárbara em cimento negro, fi gurativo dos
museus e palácios nacionais. No muros da repressão, de onde emerge um canhão onde se liberta o
atelier produzem-se azulejos de fogo de artifício da liberdade com a nova democracia. Através da-
várias épocas históricas, utilizando quele monumento também homenageia os homens do RI5, ofi ciais,
em especial o estilo hispano-ára- sargentes e praças, que tomaram parte no signifi cativo movimento,
be. As caixas são feitas em faiança mesmo que tenha falhado num primeiro momento.
com recurso a moldes e são ven- José e Amélia Sá Nogueira durante o making-off da peça para esta colecção
didas para todo o país.
O Atelier Sá Nogueira é conhecido sabe que cada um dos azulejos da Igreja de Nossa Senhora do Pópulo, recebeu, na primeira dé-
pelo rigor que aplica nos seus tra- conta uma história... São histó- Pópulo, datam dos inícios do séc. cada do século XVI, uma grande directora Regional da Cultura do Centro,
balhos, quer na forma ou na exe- rias sobre a História”, disseram. XVI e possivelmente foram impor- intervenção estrutural, de modo a Dra. Celeste Amaro, mostrou-se claramente
cução dos motivos geométricos Para participar neste projecto, tados de Sevilha. Estes azulejos poder ser transformada de Capela A satisfeita, no início deste mês, por ter sido
das peças. o casal convidou o historiador coincidem no estilo, na técnica do Hospital Termal em Igreja convidada para assistir à programação de uma
Ambos apreciaram o desafi o co- Nicolau Borges, conhecedor da e na crominância com os da Sé Matriz da então vila das Caldas companhia que não “incomodava a administração
locado pela Gazeta das Caldas e Igreja do Pópulo, dado que foi o Velha de Coimbra. Por isso, de- da Rainha. central a pedir-lhe dinheiro”. Zé Povinho não só lamenta que uma
explicaram que a obra que conce- tema do seu mestrado. O inves- vem fazer parte da mesma gran- Patrimonium, do Atelier Sá responsável da cultura venha a público com tais declarações, como
beram “não é uma réplica [de um tigador diz que a obra recriada de encomenda realizada na época. Nogueira é a segunda peça da se- aproveita para questionar Celeste Amaro para que serve um orga-
azulejo], mas sim uma reprodu- “não é mais do que a projecção “Possivelmente com intervenção gunda colecção de cerâmica, lan- nismo como a DRCC se não é para ser incomodado.
ção com base no padrão geomé- do mais antigo conjunto azule- mecenática do rei D. Manuel I, çada pela Gazeta das Caldas, sob Mais ainda: incomodar é uma palavra de conotação expressamente
trico original”. Para criar o padrão jar existente no nosso espólio ar- conhecido apreciador das artes a temática das Termas das Caldas. negativa. Signifi ca o mesmo que importunar ou aborrecer. Como po-
da peça, os autores uniram quatro tístico monumental concelhio”. ao “modo andaluz” (árabe)”, Custa 30 euros para os assinantes dem então os agentes artísticos e culturais molestar a Administração
azulejos originais, que foram alvo O investigador explicou que os acrescentou o historiador. do jornal e 35 euros para o públi- Central quando os apoios que recebem se destinam a fazer cultura
de apurada pesquisa dos autores. originais, que ornamentam os Nicolau Borges referiu ainda que co em geral. em Portugal para todos? Sem os subsídios públicos, a maioria dos
“Quem trabalha em azulejaria frontais dos dois altares laterais a Igreja de Nossa Senhora do palcos estaria vazia porque, não só seria economicamente inviável
produzir muitos espectáculos e outras formas artísticas, mas também
Bairro Social do Casal da Ponte porque os preços das bilheteiras subiriam de tal forma que a cultura
deixaria de ser acessível ao comum dos cidadãos.
A cultura não deve estar nenhum degrau abaixo em relação à saúde
em Alfeizerão foi requalifi cado ou à educação, devendo ser, sim, mais um pilar da sociedade que
merece ser apoiado.
Após a chuva de críticas que caíram sobre a Dra. Celeste Amaro, esta
tentou corrigir-se, afi rmando que só queria destacar o trabalho de
com o apoio fi nanceiro da União cada a tubagem relativa aos esgo- companhias de teatro que resistem com outros apoios que não os da
Europeia no valor de 163.372,69 eu- tos das águas fl uviais e instalada DRCC. Zé Povinho aconselha-a a medir bem as suas palavras quan-
ros, no âmbito do Fundo Europeu uma nova conduta de água que vai do vem falar a público. Isto porque teria sido possível à responsável
de Desenvolvimento Regional – benefi ciar a população deste lugar. elogiar o trabalho da companhia Leirena sem com isso chamar de
Programa 2020. Os moradores locais estiveram em “pedintes” outros projectos artísticos que recorrem aos subsídios do
Esta obra teve início em Setembro peso nesta cerimónia, assim como Estado, previstos pelo próprio governo.
de 2017, tendo sido adjudicada à fi r- todo o executivo da Câmara de
ma Nuno Roque Unipessoal, Lda., de Alcobaça.
Vale de Vaca (Carvalhal Benfeito). A terminar este acontecimento,
Nesta intervenção foi alcatroada a foi servido um almoço para toda a
velha estrada que foi prolongada gente (cerca de 300 pessoas) ofe-
até umas vacarias situadas a sul. recido pelo povo e pelos proprie-
O momento da inauguração das obras de requalificação No espaço central do Bairro foram tários das vacarias. Também foi
construídos novos passeios e luga- anunciado pelos autarcas que as
A obra de requalifi cação da zona Paulo Inácio, acompanhado pelo res para estacionamento de veícu- casas do Bairro Social serão pinta-
envolvente do Bairro Social do presidente da Junta de Freguesia los. O velho Lavadouro deu lugar das logo que o tempo permita. A
Casal da Ponte, Alfeizerão, foi inau- de Alfeizerão, Leonel Ribeiro. a um novo, composto por quatro Rua 25 de Abril será intervenciona-
gurada no dia 17 de Março pelo pre- A reabilitação deste local teve um tanques individuais e foi criado um da brevemente, com novo projecto.
sidente da Câmara de Alcobaça, custo de 192.203,16 euros e contou parque infantil. Também foi rectifi - T. Antunes