Page 15 - Fortaleza Digital
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- Quarto.
Susan levantou as sobrancelhas.
- Mais uma... gato.
- Tripas.
- Tripas?
- É. Tripas... Mais especificamente, tripa de gato. É o encordoamento de raquetes
de squash usado por todos os campeões.
- Que simpático - ela resmungou.
- Seu diagnóstico? - perguntou Becker.
Susan refletiu e disse:
- Você é infantil, viciado em squash e sexualmente frustrado. Becker deu de
ombros.
- Acho que é mais ou menos isso.
As coisas continuaram assim durante várias semanas. Becker lhe fazia milhares
de perguntas quando se encontravam para jantar em restaurantes que
funcionavam durante 24 horas. Onde ela tinha aprendido matemática? Como foi
parar na NSA? Como tinha se tornado tão atraente?
Diante da última pergunta, Susan corou e admitiu que tinha custado a
desabrochar. Fora uma adolescente magrela e esquisitona, com aparelho 12
nos dentes. Contou que uma de suas tias lhe dissera uma vez que Deus tinha
compensado sua total falta de graça com um cérebro privilegiado. Becker pensou
que aquela tinha sido uma declaração muito prematura. Susan explicou que seu
interesse em criptografia começou no início do ensino médio. Um de seus
amigos viciados em informática, um grandalhão chamado Frank Gutmann,
digitou para ela uma poesia de amor e encriptou-a usando uma cifra de
substituição numérica. Susan implorou-lhe que contasse o que estava escrito, mas
Frank., sedutor, se recusara a falar. Susan levou o código para casa e passou a
noite trancada no quarto até descobrir o segredo - cada número representava
uma letra. Ela o decifrou cuidadosamente e ficou olhando, maravilhada, quando
aqueles dígitos aparentemente aleatórios se transformaram magicamente em
uma poesia. Naquele instante soube que estava apaixonada: códigos e