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Os Maias em relação com outras obras de arte: Os Amantes
Os Amantes, de 1928 é da autoria de René Magritte, um dos principais artistas surrea-
listas belgas. A pintura apresenta as seguintes proporções: 54 x 73 cm, é feita com tinta a óleo
e encontra-se exposta no Museu de Arte Moderna, em Nova Iorque.
Esta obra de arte representa uma figura aparentemente masculina, vestida de preto, que
beija uma mulher, vestida de vermelho. Ambos têm as suas cabeças cobertas por véus bran-
cos, mas parecem ignorar este facto, beijando-se através dos mesmos.
……
A pintura Os Amantes é uma incrível obra do Surrealismo. Apresenta um conceito um
tanto curioso: Dois amantes que se beijam, as suas cabeças cobertas por véus brancos.
Assim que a observámos pela primeira vez, o nosso pensamento transferiu-se imediata-
mente para Os Maias.
Tal como os amantes desta pintura, também Carlos e Maria Eduarda se encontravam
cegos durante a sua relação, alheios à tragédia que iria suceder no final da obra.
Neste caso, os véus poderão representar a ignorância de Carlos no que diz respeito ao
passado de Maria: Carlos apaixona-se intensamente, sem sequer a conhecer. Pode também
ser representativo do seu desafio às leis da sociedade (como se as ignorassem, de tal modo,
que era como se não as vissem), na medida que, mesmo conhecendo as circunstâncias em
que viveu a sua amada, continua com ela, chegando mesmo a pedi-la em casamento, o que se
pode relacionar com a cor dos véus.
Por último, de forma mais significativa, os véus representam o desconhecimento das per-
sonagens relativamente ao seu grau de parentesco: No capítulo XIV vem a descobrir-se que
Carlos e Maria Eduarda são, na verdade, irmãos, facto que põe fim ao seu relacionamento.
A interpretação desta belíssima pintura levou-nos a considerar como, muitas vezes, o
amor nos torna cegos: leva-nos a ignorar os erros de quem amamos e o seu passado.
No caso d’ Os Maias, isto leva Carlos a continuar com Maria, depois de descobrir que
não era casada com Castro Gomes, e a dormir com ela, mesmo sabendo que a relação de am-
bos é incestuosa.
Para além disto, acabamos por, frequentemente, esconder os nossos defeitos, por acre-
ditarmos que o amor que nutrem por nós diminuirá depois de os revelarmos. Assim, os nossos
olhos encontram-se tapados: não conhecemos, verdadeiramente, aqueles que amamos.
O artista retrata estes sentimentos de uma forma magnífica, com recurso ao elemento
dos véus que reconhecemos como muitíssimo interessante.
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